ENSINO SUPERIOR - Reitor diz que universidade não tem dinheiro para instalar faculdade em Araçatuba e que falta um hospital de base na cidade
O reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Antônio Manoel dos Santos Silva, descartou a possibilidade de implantação do curso de medicina em Araçatuba. Segundo ele, a criação é inviável por causa da crise financeira da universidade. "A Unesp não dispõe de recursos para a implantação de um novo curso de medicina. Não é possível instalar um curso de medicina sem antes criar pelo menos um hospital de base", justificou.
Santos Silva esteve ontem em Araçatuba para inaugurar as bibliotecas das faculdades de odontologia e medicina veterinária (leia mais ao lado).
A criação dos cursos de medicina, fisioterapia e outros da área de ciências biológicas é defendida pelo futuro diretor da Faculdade de Odontologia (FOA), Francisco Antônio Bertoz, que toma posse sexta-feira. "A dificuldade é motivo para lutarmos. Se necessário pediremos o envolvimento da comunidade", afirmou. A implantação de novos cursos, especialmente o de medicina, será extremamente importante para o desenvolvimento cultural e econômico do município.
Para o reitor da Unesp, as universidades públicas viverão pico da crise financeira nos próximos dois anos em razão da reforma administrativa aprovada pelo Congresso em 98.
Entre outros fatores, ele atribui as dificuldades ao processo de desvalorização dos professores e funcionários das universidades. "Em 2001, quando a lei Camata entrar em vigor, passaremos por uma forte turbulência", diz. A lei prevê limite de 60% e 50% nos gastos do orçamento com folha de pagamento de municípios e estados, respectivamente, que deve causar demissões.
Para Santos Silva, os recursos humanos das universidades são hoje os grandes responsáveis pela obtenção de verbas. "Os órgãos de apoio à pesquisa só liberam verbas se os projetos apresentados forem bons. E esses projetos são criados pelos servidores", justificou o reitor.
Dos R$ 4,5 milhões em verbas cedidos às faculdades da Unesp em Araçatuba nos últimos quatro anos, mais de 70% foram obtidos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp). Os R$ 2,5 milhões gastos na construção das bibliotecas inauguradas ontem vieram da Fapesp.
Notícia
Folha da Região (Araçatuba, SP) online