Notícia

Jornal da Cidade (Bauru, SP) online

Unesp cria primeira rádio virtual

Publicado em 30 outubro 2006

Por Adilson Camargo

Alunos dos cursos de rádio e TV e de jornalismo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) criaram a primeira emissora de rádio virtual universitária de Bauru. Ao contrário das emissoras convencionais, a programação da Rádio Unesp Virtual é captada apenas por meio da Internet.
"No ar" 24 horas por dia, a emissora mescla programação musical com jornalismo. Tudo feito por alunos e supervisionado por técnicos e professores. Foi a maneira mais apropriada que a Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac) encontrou de oferecer aos estudantes a oportunidade de colocar em prática o que é ensinado na sala de aula.
Segundo o professor Dino Magnoni, coordenador do projeto, a idéia é fazer com que os alunos adquiram responsabilidade, ética profissional e ritmo de produção. "Se eles não cumprirem horário, bagunça toda a programação. Para que isso não aconteça, é preciso senso de responsabilidade e compromisso profissional", diz o professor.
Com apenas três computadores e duas mesas de som pequenas, os alunos espalham para o mundo a programação gerada dentro do câmpus da Unesp em Bauru. Desde novembro do ano passado, o Portal Mundo Digital, que abriga a rádio, está hospedado na Incubadora Virtual da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
De acordo com estatísticas divulgadas no site da Fapesp, o Portal Mundo Digital da Unesp de Bauru está na 47ª colocação como o mais visitado. Ao todo, existem 356 projetos hospedados na incubadora.
Para ter acesso à programação da Rádio Unesp Virtual, o internauta precisa ter instalado no computador o winamp ou o windows media player — dois programas capazes de transmitir som. Para garantir uma recepção com mais qualidade é recomendável ter também uma conexão de banda larga. Se a conexão for discada, o sinal pode cair constantemente.
A programação musical é a mais eclética entre todas as emissoras de Bauru. É possível ouvir gêneros distintos como o sertanejo, MPB, blues, rock e reggae, entre outros. O próprio aluno monta a seqüência das músicas com os CDs que traz de casa. Ele digitaliza a faixa escolhida e põe para tocar.
Programas como o NJ Notícias, Revista Ponto e Vírgula, Jornal Esporte Clube, Diálogo Aberto, Notícias do Câmpus e os boletins diários respondem pela parte jornalística da programação. Há também as mesas-redondas, como Pela Linha de Fundo, 3 Dentro 3 Fora e Eurogol, este direcionado ao futebol europeu. Todos feitos ao vivo. O núcleo de jornalismo é formado por cerca de 30 alunos, divididos em editorias.
Toda a grade de programação é reprisada durante a madrugada. No site da rádio (www.radiovirtual.unesp.br) é possível ouvir qualquer um dos programas a qualquer hora. Ele fica gravado na rede até que o próximo seja apresentado. A maioria dos 43 programas existentes atualmente é semanal.
Embora a programação atual esteja toda dominada por alunos de jornalismo e de rádio e TV, alunos de outros cursos também podem apresentar seus projetos e colocá-los "no ar". De acordo com Magnoni, a rádio está aberta à participação de qualquer estudante da Unesp.
O custo para manter a emissora em funcionamento é mínimo e acaba sendo absorvido pela própria universidade, como a conta de energia, por exemplo. A intenção, segundo o professor, é requisitar à Fapesp bolsas de extensão para alunos que mais estão se dedicando para manter a rádio em funcionamento. Outra preocupação do coordenador do projeto é assegurar uma transição tranqüila entre a diretoria que está deixando a rádio (após a formatura) e a próxima.
Segundo Magnoni, a Rádio Unesp Virtual ajudou a dar uma oxigenada no curso de rádio e TV e, por extensão, também no curso de jornalismo, que acaba utilizando a emissora como laboratório.

Na prática
Na avaliação do aluno Tales Aranha Copolla, 21 anos, do 4º ano de rádio e TV, a experiência de trabalhar na rádio tem sido "fantástica", porque está tendo acesso a informações que não são passadas nas matérias do curso. "Esse aprendizado acaba sendo um diferencial porque estou tendo uma oportunidade que outros não têm", compara ele.
A estudante Andressa Borzilo, 20 anos, do 2º ano de jornalismo, também está adorando a experiência. Segundo ela, é uma forma de compensar a falta de estágio durante o curso. "São coisas do cotidiano, que a gente não estaria aprendendo se não fosse a rádio. Por exemplo, aprendi a editar som, coisa que eu não sabia fazer", comenta. Cumprir pauta, respeitar deadline (horário de fechamento) e ir para a rua fazer entrevistas são outros exemplos positivos que a emissora estaria proporcionando aos alunos, na opinião dela.