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Unesp abrigará sede latino-americana de agência da língua francesa (1 notícias)

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Por Redação do Governo do Estado de São Paulo

A Unesp abrigará, a partir desta quarta-feira, 23, em São Paulo, o escritório latino-americano da Agência Universitária da Francofonia (AUF), associação fundada no Canadá que financia projetos universitários de ensino e pesquisa. O escritório será aberto em uma sede no bairro do Ipiranga, onde atualmente funciona o Núcleo de Ensino a Distância da Unesp (Nead).

Para marcar a inauguração, foi realizado nessa data, no Memorial da América Latina, também em São Paulo, um encontro internacional sob o tema O português, espanhol, francês, línguas do futuro do ensino superior e da pesquisa científica. Participarão do evento cerca de 25 reitores de universidades da América Latina, da África e da Europa, além de representantes diplomáticos de países francófonos e hispânicos. O encontro tem como objetivo registrar o início da atuação presencial da AUF na América Latina.

"A importância se dá em duas frentes: o marco da inauguração e o início de uma discussão aprofundada que pode ser frutífera para o desenvolvimento dessas línguas nacionais no cenário da ciência internacional", afirma o professor José Celso Freire Junior, assessor-chefe da Assessoria de Relações Externas (Arex).

Para Patrick Chardenet, diretor da filial para a América Latina do Escritório das Américas, o movimento de pensar as três línguas como um conjunto no campo científico se contrapõe à influência de qualquer que seja a língua hegemônica nesse campo, hoje fortemente dominado pela língua inglesa. "Ao juntar essas três línguas, se pretende desenhar alianças estratégicas multilaterais e multipolares com outras áreas linguísticas, inclusive com o universo anglófono."

A ideia é "construir uma globalização" que integre as diversas culturas educativas e científicas, em vez de uniformizar a partir de um único modelo, diz Chardenet. Conforme o diretor, se hoje é o inglês, amanhã pode vir a ser outra a língua dominante no campo científico e também no mercado econômico e político.

O idioma inglês se tornou em dez anos uma língua hegemônica por causa da influência das revistas norte-americanas de divulgação científica, mas elas representam apenas uma pequena parte da ciência no mundo atual. "Há um fosso profundo entre a atividade científica e a cobertura da mídia sobre a ciência."

No caso do espanhol, Chardenet explica que esse idioma tornou-se uma grande língua de comunicação internacional, mas falha em criar um espaço editorial científico para sua mensuração. "O Latin Index [sistema on-line de revistas científicas que reúne América Latina, Caribe, Portugal e Espanha] foi criado há mais de dez anos para promovê-lo, mas, isolado do mundo, continuará a ser uma referência interna no mundo ibero-americano."

90 países

A AUF, que completa 50 anos em 2011, e foi fundada em Quebec, no Canadá, tem duas sedes centrais: uma em Paris e outra em Montreal, no Canadá. Está organizada em nove escritórios regionais, com base na quantidade de universidades membros e na intensidade da cooperação científica entre elas.

Ao todo, são 774 universidades em 90 países. Os escritórios regionais são responsáveis por cobrir nove grandes áreas: América do Norte (Montreal), América Latina (São Paulo); Europa Ocidental e África do Norte (Bruxelas/Bélgica); Europa Central e Oriental (Bucareste/Romênia); Oriente Médio (Beirute/Líbano); Ásia-Pacífico (Hanói/Vietnã), Oceano Índico e África Ocidental (Antananarivo/Madagascar); África Central (Yaoundé/Camarões), África Ocidental (Dakar/Senegal).

Em breve, será inaugurado um novo escritório no norte da África, em Marrocos. Segundo Chardenet, instalar em São Paulo a nova sede da AUF foi uma "escolha razoável e racional, uma vez que o Brasil é o país mais populoso da América do Sul e com o maior número de universidades". A opção pela Unesp "foi por conta da estratégia apresentada pela Universidade em facilitar a internacionalização dos projetos de ensino e pesquisa", explica.

Freire Junior ressaltou a contribuição que a Universidade dará à difusão da língua e da cultura francesas no cenário nacional e junto a seus parceiros. Para o assessor-chefe da Arex, a Unesp será a "instituição de acolhimento" da única sede da AUF nas Américas Central e do Sul. "Como a associação conta com cerca de 600 membros no mundo todo, a Universidade terá uma grande visibilidade junto aos membros da AUF, fator que deverá facilitar sua interação com instituições de ensino superior do exterior."

A agência tem como proposta, para a sua sede no Brasil, uma atuação em três frentes: auxílio no desenvolvimento de projetos inter-universitários de ensino e de pesquisa; aumento do número de universidades membros no Brasil e na América Latina, com o objetivo de ajudar a desenvolver o espaço universitário acadêmico nas Américas e aberto ao mundo; e atividades que proporcionem às comunidades científicas a união com as redes de pesquisa internacionais que trabalham com cerca de 8 mil pesquisadores em 759 universidades.

Com um orçamento anual de 40 milhões de euros, a AUF recebe apoio de países e governos de países francófonos (França, Canadá, Bélgica e outros). Também são desenvolvidos acordos de co-financiamento com agências internacionais, como o Banco Mundial, a Agência Francesa de Desenvolvimento e a Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional, além de parcerias no Brasil com a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

(Envolverde/Governo do Estado de São Paulo)