Notícia

O Diário (Mogi das Cruzes)

UMC estuda criação de orquídea

Publicado em 08 agosto 2003

De grande valor para a agricultura do Alto Tietê, a orquídea Chuva de Ouro (Oncidium flexiosum) apresenta um grave entrave comercial: sua formosa floração amarela é restrita a novembro e dezembro. Durante os demais meses do ano, a escassez das flores provoca queda nos lucros para o agricultor e desemprego para os trabalhadores. Mas uma pesquisa que vem sendo desenvolvida no Núcleo Integrado de Biotecnologia (NIB) da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) pode resolver o problema, ampliando o ciclo produtivo da flor para o ano todo. Depois que agricultores estabelecidos na zona litorânea do Estado de São Paulo descobriram, há cerca de 10 anos, uma espécie nativa da Chuva de Ouro que floresce de maio a setembro, o pesquisador Hiroshi Ikuta, da UMC, teve uma idéia: cruzar ambas para produzir um híbrido capaz de florescer o ano inteiro. Há um ano e meio ele trabalha nos laboratórios da instituição para criar uma planta extraordinária para, a partir dela, constituir uma população de orquídeas que floresçam de janeiro a dezembro. "Achamos que a descoberta dos produtores do Litoral de São Paulo, de um tipo de Chuva de Ouro que dá flores no inverno, abriu uma possibilidade muito interessante. Até então só conhecíamos a Oncidium que floresce no verão. Em função da grande variabilidade genética existente na nossa região, o nosso objetivo é fazer cruzamentos e seleção de material genético entre ambas para produzir um híbrido que se viabilize comercialmente durante todo o ano", explica Ikuta. Apesar de os estudos ainda estarem na metade, já é possível vislumbrar o impacto que seus resultados práticos causarão no mercado de flores. "A orquídea Chuva de Ouro é de grande valor para a floricultura e exportação. A Mata Atlântica é o habitat das mesmas. Entretanto, em um período do ano ela não produz flores, o que causa problemas de desemprego de floricultores da nossa região. O trabalho do doutor Ikuta vai incentivar a manutenção dos empregos, as vendas e a exportação", avalia o professor João Lúcio de Azevedo, gestor do NIB. De acordo com Ikuta, o clima da região do Alto Tietê é amplamente favorável à criação de uma espécie de orquídeas Chuva de Ouro que floresça de janeiro a dezembro. "Nossa condição climática é privilegiada; aqui é primavera durante todo o ano. Por isso, podemos utilizar processos genéticos para estender o ciclo produtivo. Teoricamente, não é impossível criarmos uma população de híbridos que dê flores durante 365 dias por ano. É o que estamos tentando obter". O desenvolvimento da pesquisa ocorre em dois locais. Enquanto a manipulação molecular ocorre nos laboratórios do NIB, instalados no campus Mogi da UMC, o campo experimental está localizado na Associação de Floricultores da Região da Rodovia Presidente Dutra (Aflord), em Arujá. O financiamento do estudo é da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), que investiu cerca de R$ 300 mil. O resultado do trabalho, que deverá mostrar se o híbrido é ou não viável, deve acontecer no final de 2004.