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O Diário (Mogi das Cruzes)

UMC constituirá DNA do Xylella (1 notícias)

Publicado em 21 de abril de 2000

Pesquisadores da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), na Região Metropolitana de São Paulo, começaram a construir, no início deste mês, o biochip do DNA da Xylella fastidiosa, bactéria causadora da "praga do amarelinho", que ataca as plantas cítricas. Este será o primeiro biochip construído no Brasil a partir do seqüenciamento genético completo de um ser vivo. A previsão dos pesquisadores Luiz Roberto Nunes e Regina Costa de Oliveira, do Núcleo de Biotecnologia da UMC, é que o material esteja pronto em seis meses. A pesquisa faz parte do projeto Genoma Funcional, patrocinado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). O objetivo é conhecer os sistemas de defesa e resistência da Xylella, a partir da construção do biochip. A partir daí, será possível identificar, futuramente, os mecanismos mais eficientes de combate à bactéria. O biochip é uma lâmina de microscópio (com 2 centímetros de largura e sete de comprimento) sobre a qual serão colocados, de forma ordenada, os quase 3 mil genes de DNA da bactéria. Os genes foram seqüenciados na primeira etapa do projeto Genoma, concluída no início do ano. A distância entre os genes na lâmina será cerca de mil vezes menor que um milímetro. O trabalho é impossível de ser realizado manualmente - por isso, os pesquisadores utilizam um equipamento ainda pouco conhecido no Brasil: o "microarrayer", um braço mecânico de alta precisão que fará o ordenamento dos genes. "Com o biochip, poderemos obter informações detalhadas da função de cada gene, assim como seus mecanismos de regulação", explica o pesquisador Luiz Nunes. Com o bichip pronto, os pesquisadores poderão descobrir quando um gene é ativado ou não. Será possível identificar, por exemplo, quais os genes que produzem proteínas quando a bactéria está dentro da planta, causando a doença do amarelinho. "A partir daí, os estudos poderão concentrar-se nesses genes atuantes, buscando alternativas concretas para neutralizar sua ativação", explica o pesquisador. Outra etapa será submeter a bactéria a uma condição de stress oxidativo (como água oxigenada). O objetivo é descobrir como a Xylella consegue sobreviver ao ataque dos radicais de oxigênio, liberados pela planta no momento em que é infectada pela praga do amarelinho. "Será um grande avanço científico no combate à doença", diz. O biochip começa a ser utilizado por cientistas de várias partes do mundo para diversas finalidades. Uma delas é o estudo de expressão genênica para saber quando um gene está ativo ou não, como é o caso da Xylella fastidiosa. Ainda hoje, pelo menos 50% dos genes já conhecidos em diversos organismos são de funcionalidade desconhecida.