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GEALOGS - Grupo de Estudos e Pesquisas Avançadas em Logística

Uma reflexão "necessária" sobre editoras e journals predatórios (1 notícias)

Publicado em 12 de agosto de 2018

Por Patricia Guarnieri

Ontem tive contato com o artigo "A sombra das revistas predatórias no Brasil Estudo mostra quantos pesquisadores do país publicam em periódicos com práticas suspeitas" e recomendo muito a leitura. E inclusive aqui destaco a imagem do próprio artigo publicado pela revista FAPESP, que fala por si:

Posso afirmar, sem exagero, que recebo convites "todos os dias" de vários periódicos suspeitos/predatórios, e tenho certeza que muitos de vocês também. Existe até uma lista de periódicos suspeitos (algumas listagens elaboradas por bibliotecários confiáveis foram tiradas da internet como explica a matéria abaixo): PREDATORY JOURNALS

Temos que ter muito cuidado com o que o "produtivismo acadêmico" nos impele a praticar... Esse tipo de publicações, em vez de turbinar o currículo do pesquisador, prejudica muito o seu conceito.

Eles pegam nosso contato em anais de eventos, ou artigos que publicamos em journals internacionais. Não há problema nenhum nisso, eu mesma como editora de revista já convidei autores de eventos a publicar em edições especiais, isso é prática muito comum e já fui convidada por editoras, já publiquei capítulos de livros dessa forma.

Outro detalhe e muito importante! Temos que saber diferenciar "predatory journal" de "open access journal" (já vi pesquisadores super experientes confundirem isso). Os dois cobram para publicar, mas os primeiros não tem credibilidade nenhuma e prejudicam o currículo do pesquisador. No caso dos "open access" journals, o pagamento ocorre porque o journal não cobra para o leitor - o autor paga para que o acesso seja ilimitado por qualquer pessoa, independentemente de acessar de base de dados de universidades, como periódicos Capes ou de ter a assinatura do Journal ou Publisher.

Existem confusões de entendimento a esse respeito. No "Open Access", o artigo passa por avaliação rigorosa, por no mínimo 2 avaliadores normalmente, mas claro que o processo é mais rápido porque eles tem menos demanda, do que os journals de acesso fechado. Ao final do processo, se requer o pagamento para custear todas as taxas do journal (por artigo), esse valor varia de journal a journal, podendo ser cobrado em dólares/libras/euros, taxas aceitáveis giram em torno de 600 a 1500.

E... detalhe, a grande maioria dos journals de grandes publishers como Elsevier, Taylor & Francis, Sage, Emerald etc, possuem as duas opções, ou seja, quando o artigo é aceito eles te consultam se quer "open access" ou não. Embora existam alguns journals que são apenas "open access".

Há até editais abertos de universidades, como da qual eu faço parte do DPI/UnB que financiam o pagamento da taxa para journals Open Access: Acessar o edital

Qual a vantagem de publicar em "Open Access"? A vantagem é que quem desejar, em qualquer parte do mundo poderá ter acesso ao seu artigo, sem pagar por isso. O que significa que ele vai ser mais lido, mais acessado e, se for relevante, muito citado. Sabemos que os pesquisadores hoje, são avaliados pelo impacto de suas citações. Editais de fomento à pesquisa já tem uma cláusula que recomenda que os resultados de pesquisas financiadas, devem prioritariamente, ser publicados em periódicos/journals "Open Access".

Por isso, antes de submeter seu artigo é muito importante ler com detalhes as diretrizes para autores "author guidelines" e identificar se o journal cobra ou não Charges ou Fees for publications.

Outro assunto correlato e não menos importante se refere às editoras predatórias. Também tenho recebido muitos convites para esse tipo de editora, inclusive já recebi da Lambert, e outras, as quais são citadas no artigo abaixo "Aquela editora que está tentando publicar minha dissertação de graça", que aliás é muito elucidativo também. Vale a pena ler os comentários da matéria ao final. Não estou afirmando aqui que toda editora que te convida para publicar de graça é predatória, mas devemos ter muito cuidado e pesquisar exaustivamente antes de fechar um acordo/contrato. Pesquise no Reclame Aqui, Páginas do Facebook, no Google... Enfim, temos muitos meios atualmente para obter informações.

Nesse caso, as editoras exigem que o autor transfira os direitos autorais da monografia/TCC, dissertação ou tese para ela, e depois caso queira acessar o manuscrito, você deve pagar e perde o direito de usar seus dados para outro fim.

Já tive acesso a relatos de contratos de cessão de direitos abusivos e de pessoas tendo que entrar com processos judiciais para tentar reverter. Tive um colega que publicou a dissertação e depois teve que pagar 300 euros para ter acesso ao livro impresso.

Acho que muitos de vocês sabem, mas não custa repetir, que um artigo quando publicado em forma de capítulo de livro ou livro, não pode ser publicado em outro meio qualquer, nem evento e nem periódico/journal. Já um artigo publicado em evento, pode posteriormente ser publicado como capítulo ou artigo de journal, sempre atentando-se para as exigências e diretrizes de cada journal/periódico ou editor. Ou seja, se publicar sua dissertação completa como livro, outras publicações ficam inviabilizadas e, ainda pior, se por acaso esse detalhe não for percebido, você pode ser acusado de auto-plágio.

Enfim... minha intenção aqui é fazer um alerta, pois tod@s nós temos vivenciado essa pressão por produção e publicações, e temos que ter cuidado com o oportunismo.

Abraços e sucesso a tod@s!

Patricia Guarnieri, Dra

Professora Adjunta e Pesquisadora (FACE/UnB)

UnB - Universidade de Brasília

Currículo : http://lattes.cnpq.br/7909091619260597

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