Notícia

Jornal da USP

Uma ponte entre a academia e a sociedade

Publicado em 10 outubro 2010

Por Izabel Leão

O Seminário Paulista de Cultura e Extensão Universitária, ocorrido entre os dias 21 e 24 de setembro na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, foi finalizado com a elaboração de uma carta de intenções, que sugere a criação de uma política de fomento específico para a extensão universitária. As propostas vão desde a valorização da extensão no currículo acadêmico e mudanças na legislação -de forma que os grupos culturais sejam reconhecidos como parceiros relevantes na prática da extensão - até a criação das condições institucionais para que as universidades públicas apoiem a extensão universitária. A intenção do evento foi fomentar o debate sobre a atuação da Universidade como produtora de cultura com ênfase nos projetos de extensão universitária. A abertura oficial do evento, no dia 21, ocorreu na Sala do Conselho Universitário da USP, com a presença do reitor João Grandino Rodas, do presidente da Fapesp, Celso Lafer e do secretário de Ensino Superior de São Paulo, Carlos Alberto Vogt.

O seminário é resultado de uma parceria entre o Ministério da Cultura e a USP. Contou, no período da manhã, com mesas-redondas e, à tarde, com grupos de trabalho que debateram questões relativas às políticas públicas de fomento à extensão em cultura e projetos de extensão universitária.

O encontro reuniu representantes das Pró-Reitorias de Cultura e Extensão Universitária das universidades paulistas, estudantes e professores envolvidos em projetos apoiados pelo ProExt - programa do Ministério da Cultura que financia projetos na área -, representantes do Ministério da Cultura e demais interessados pertencentes à comunidade acadêmica e à classe artística. A atividade de extensão é impensável sem a conexão com a cultura e a ciência , declarou no evento a pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária da USP, professora Maria Arminda do Nascimento Arruda.

Bons projetos - Na primeira mesa de debates sobre o Papel da Universidade na Produção Cultural , Gustavo Vidigal, secretário do Ministério da Cultura, representando o ministro Juca Ferreira, explicou a importância da extensão universitária do ponto de vista do engajamento, do trabalho solidário que ela permite ao aluno e à comunidade. Ele mesmo participou do Movimento Sem Terra e do Movimento Sem Moradia, quando universitário. É através da extensão que se aproxima da cultura. A extensão rompe fronteiras, supera isolamento, estabelece laços, procura parceiros, amplia as relações , ressaltou.

Vidigal é grande defensor dos editais públicos, das políticas de fomento à cultura e das linhas de financiamento para todos. Para ele, é de fundamental importância institucionalizar a extensão universitária, assim como ocorre com a pesquisa, que possui uma fundação para amparar e gerenciar sua verba. E propôs lutar para incluir na pauta da educação as questões referentes à extensão. A extensão tem que ser uma prática incentivada para todos, com ganho de pontos e financiamentos de bolsa. Tem que se criar um calendário, buscar a mobilização dos envolvidos, para, juntos, propor uma política de extensão universitária.

Gustavo Vidigal afirmou que o Ministério da Cultura tem ampliado as parcerias com as universidades públicas paulistas e criado editais para a cultura com pontos específicos: memória social e preservação do patrimônio histórico economia da cultura e empreendimentos culturais autogestionários leitura e cidadania inovação de linguagem e desenvolvimento das linguagens artísticas produção de conteúdo audiovisual e linguagens alternativas.

O secretário fez um alerta. Para que professores e alunos consigam receber financiamento dos editais, é preciso que criem bons projetos, que se empenhem por obter verbas e pela institucionalização da extensão universitária. Quanto mais contundente forem as atividades de cultura e extensão, mais órgãos centrais como o Ministério da Educação e o Ministério da Cultura vão estar juntos, elaborando e desenvolvendo políticas e respondendo ao apelo.

Sérgio Mamberti, presidente da Fundação Nacional de Artes (Funart) e um dos palestrantes, defendeu a cultura como um dos principais instrumentos para a educação brasileira, porque ela promove o respeito à diversidade, ao diferente. Acultura e extensão tem que urgentemente resgatar sua importância no âmbito acadêmico , destacou.

Maria Amélia Máximo Araújo, Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária da Unesp, ressaltou a importância de a Universidade atuar com os profissionais sociais e não apenas exercer papel de cobrança por produção científica. E relevante observar que é através da extensão que se faz a ponte entre a universidade e a sociedade.

A pró-reitora aponta ainda a dificuldade de distribuição de recursos financeiros e a falta de uma política de valorização do professor envolvido com extensão, o que leva os recursos humanos a terem maior preferência pela área de pesquisa, uma vez que a área possui uma política de evolução na carreira, por exemplo.