Evento da Fapesp reúne especialistas para discutir novas tecnologias de plantio
Liana John escreve para 'O Estado de SP';
A madeira símbolo do Brasil corre sério risco de extinção, após cinco séculos de exploração predatória ininterrupta. O pau-brasil (Caesalpinia echinata) ainda hoje é derrubado e comercializado, apesar de sua ocorrência natural ter se tornado rara nos últimos remanescentes de mata atlântica e a despeito da proibição legal de corte.
Para reverter esta situação, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SP (Fapesp) promove o simpósio Pau-Brasil, Ciência e Arte, até sexta feira, em SP.
O evento reúne os diversos grupos de pesquisa, que já trabalham com a espécie no Brasil e os fabricantes de instrumentos musicais - arcos de violino, em especial - feitos com a madeira.
'O objetivo é levantar o máximo de informações possíveis sobre o pau-brasil: tecnologias de plantio, características físico-químicas, diversidade genética, tudo o que possa nos ajudar a encontrar alternativas para diminuir a pressão sobre as árvores nativas, que ainda restam, e iniciar o plantio comercial e exploração racional', explica a botânica Rita de Cássia Figueiredo Ribeiro, coordenadora do projeto temático de pesquisa do pau-brasil, financiado pela Fapesp.
Iniciado em 2001 para terminar em 2004, com recursos de R$ 500 mil para o período, o projeto temático deve resultar numa publicação científica, reunindo todo o conhecimento.
Até o lançamento deste livro, no segundo semestre de 2004, parte das informações ficará disponível num banco de dados virtual, que já está funcionando, no site da Sociedade Botânica de SP (http://www.botanicasp.org.br ).
A pesquisa da própria Rita de Cássia, no Instituto de Botânica de SP, é uma das contribuições importantes para o plantio comercial de pau-brasil.
Ao estudar o metabolismo de carboidratos das sementes da espécie, ela verificou que o armazenamento em câmaras frias, a 8°C, pode estender de 3 para 18 meses o tempo em que as sementes permanecem ativas, mantendo um porcentual de germinação de cerca de 80%, quase igual à condição natural das matas.
Informações semelhantes foram obtidas por outros grupos de pesquisa, do Rio, Pernambuco e Bahia.
'Os fabricantes de arcos de violino, hoje um dos usos comerciais mais importantes do pau-brasil, sabem se um pedaço de madeira dará um bom instrumento só de examiná-lo, subjetivamente, antes mesmo de fabricar o arco', conta Márcia Braga, também do Instituto de Botânica de SP, organizadora do simpósio, do qual participam 150 pesquisadores e arqueteiros (fabricantes de arcos de violino).
'Por isso é importante o intercâmbio de informações, para promover as características químicas desejáveis, que devem orientar a seleção das melhores árvores, do ponto de vista genético, para o uso comercial.'
Contrabando - Atualmente existem alguns plantios comerciais de pau-brasil para abastecer o mercado de instrumentos musicais.
Mas muita madeira ainda é retirada ilegalmente de matas nativas e contrabandeada para Europa e Japão, onde, depois de transformadas em arcos de violino, passam a valer de US$ 3 a 4 mil. (Agência Estado)
(O Estado de SP, 14/3)
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