No dia 14/6/2021, eu tive a honra de dividir um painel com grades nomes da Inteligência Artificial no Brasil a convite da Professora Pricilla Machado Vieira Lima, Catedrática do Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ.
Sob a mediação do Professor Nelson Maculan, ex Reitor da UFRJ, professor Emérito e Titular do PESC - COPPE/UFRJ participei do painel: "Indústria 5.0, qual o papel da Inteligência Artificial?" com os painelistas João Carlos Ferraz IE/UFRJ, Fábio Cozman IBM/USP/FAPESP e a Professora Pricilla Lima.
Aproveitei a oportunidade para falar da importância de mantermos a proximidade entre a academia e a indústria de Tecnologia da informação e como essa aproximação pode mudar a economia do país.
A IA e todas as inovações principalmente aquelas ligadas aos processos produtivos irão eliminar milhões de postos de trabalho.
As empresas serão mais competitivas e os empregos sofrerão um upgrade. A Inteligência Artificial irá transformar e substituir até os trabalhos mais que envolvem análise. Ela substituirá trabalhos repetitivos, trabalhos intensivos em cálculos, análises com grande número de variáveis e análises que exigem resposta rápida. Então é claro que muitos profissionais de boa formação hoje ocupam postos que irão sumir por se encaixarem nessa categoria.
Sabemos a tecnologia costuma e substituir empregos que migram para outra atividade ou setor, mas é importante ficar atento que isso só irá acontecer se houver ambiente econômico para produção e comércio de tecnologia em escala.
Os desafios econômicos serão maiores porque a transferência também ocorrerá na localização da atividade e, por isso, além de uma questão de economia de mercado, o domínio da IA é uma questão estratégica e de segurança nacional até, uma vez que as atividades antes desempenhadas dentro de um país, podem ser feitas fora.
Então, precisamos pensar em como inserir o Brasil nessa corrida que os países já começaram?
Em 2017, sob iniciativa do John Lemos Forman, então VP da TI Rio, foi criada a Rede de Ciência de Dados e Inteligência Artificial do Rio de Janeiro. Essa rede conseguiu reunir, em pouco tempo, organizações sem fins lucrativos, empresas privadas, empresas publicas e instituições de ensino e pesquisa formando a primeira rede de Inteligência Artificial do Brasil com 8 entidades apoiadoras e mais de 40 membros natos.
A ideia era unir em encontros periódicos essas instituições para debater projetos, ideias e novas iniciativas em Ciências de Dados e Inteligência Artificial.
Durante os anos 2017, 2018 e 2019, o grupo se reuniu nos encontros do CD&IA e também nos seminários dentro da Rio Info, em salas lotadas onde se apresentaram especialistas que tinham pouco tempo para apresentar seus trabalhos de tão concorrido que foram essas edições. Era uma sessão de uma tarde para muitas pesquisas e projetos inovadores.
Motivados por uma declaração à imprensa do novo Ministro de Ciência e Tecnologia Marcos Pontes afirmando o interesse do Brasil em criar um polo de Inteligência Artificial. As lideranças do CD&IA elaboraram um documento pedindo o reconhecimento pedindo o reconhecimento dessa rede e a participação na elaboração da política de Inteligência Artificial do Brasil.
Na noite do dia 11 de março de 2019, no Museu do Amanhã, reunimos as grandes lideranças de TI do Brasil: presidente da ABES, presidente da Brasscom, presidente da Federação Assespro, além dos Presidentes da TI Rio, Rio Soft, Assespro-RJ e Sinditec para falar sobre a política de Inovação e Inteligência Artificial do Brasil.
E porque precisamos de redes e centros de Inteligência Artificial? Afinal, como surge uma inovação? Para responder essa pergunta, um vídeo pode ser inspirador:
Como surgem as inovações?
Em instituições tradicionais nos Estados Unidos e Europa, os pesquisadores estão mais bem preparados para absorver os insights dos jovens pesquisadores e, por isso, boas ideias levam rapidamente a grandes pesquisas e depois a produtos inovadores.
No Brasil, a academia e a nossa indústria ainda estão muito distantes. Uma notícia me fez lembrar o ano de 1987, quando eu fazia iniciação científica no Laboratório de Acústica e Vibrações da COPPE/UFRJ onde foi desenvolvido um projeto de manutenção preditiva para a CSN usando análise de assinatura de vibração para antever falhas nos motores. Passados 34 anos, em 2021, a matéria na Revista Exame anuncia: "Shazam da indústria": brasileira Tractian conquista um aporte da Y Combinator. Essa startup faz uso da Inteligência Artificial para manutenção preditiva a partir da assinatura da vibração.
E se as grandes ideias que surgiram nos subsolos da UFRJ (literalmente) tivessem sido trabalhadas em parceria com uma empresa de tecnologia local capaz de dar suporte e fazer evoluções básicas para colocar e manter no mercado produtos altamente tecnológicos, será que o Brasil teria uma grande empresa de renome internacional vendendo para todo mundo atualmente? Ou duas, três, quatro?
Artigo sobre a Tractian na Revista Exame
Hoje às empresas brasileiras de Tecnologia da Informação tem desenvolvido excelentes soluções de IA, algumas com tecnologia própria. Alguns exemplos de soluções bem aceitas no mercado atualmente:
1. Captura de dados de sensores para automação de processos industriais;
2. Captura de dados não estruturados para conciliação de dados e unificação de dados para transmissão;
3. Interpretação de textos e falas, se pensarmos que o português é um idioma complexo, um desenvolvimento nessa área tem grande capacidade de ser referência no mundo;
4. Análise preditiva de qualquer atividade: estoque, logística, produção, marketing e vendas;
Vejo como grande potencial a ser desenvolvido ferramentas de IA para a saúde, com análise nde histórico médico e exames de imagens.
Evento completo no YouTube
Por fim, foi um evento com muitas trocas, um público interessado e conhecedor das questões da pesquisa e da tecnologia. Foi uma grande satisfação participar e sou muito grata à Professora Priscilla Lima pelo convite.