Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) concluiu que um em cada dez brasileiros com mais de 60 anos faz uso abusivo de bebidas alcoólica. Segundo os pesquisadores, cerca de 2 milhões de idosos (6,7%) consomem várias doses em uma única ocasião, padrão de consumo abusivo, conhecido como binge drinking.
Ainda de acordo com o estudo publicado nesta quinta-feira, 21, pelo Estadão, cerca de 1,16 milhão (3,8%) costumam beber de 7 a 14 doses por semana. No total, um em cada quatro idosos (23,7%) se diz consumidor de bebidas alcoólicas, ainda que eventualmente.
Conforme a publicação, foram analisados os dados de um estudo com 5.432 brasileiros acima de 60 anos, além de dados de 503 idosos atendidos em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de São José dos Campos, interior de São Paulo. A pesquisa concluiu ainda que os homens idosos fazem mais consumo de risco de bebidas alcoólicas do que as mulheres, embora estas sejam mais vulneráveis aos efeitos da bebida.
Com relação a frequência e quantidade, estas diminuem conforme a idade aumenta. Quem mais consome em níveis arriscados são os homens entre 60 e 70 anos, sobretudo os com maior nível de escolaridade (acima de 9 anos de estudo). A partir dos 70 anos, o consumo cai, principalmente entre as mulheres. A ingestão de álcool entre idosos é frequente na região Sudeste.
O trabalho, tese de doutorado da pesquisadora Tassiane Cristine de Paula, é considerado inédito no Brasil e um indicador para o fato de que o consumo de álcool entre idosos representa um problema de saúde pública. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), ele foi publicado recentemente em periódicos científicos internacionais.
Ainda como parte do estudo, a pesquisadora e seu grupo entrevistaram os idosos atendidos pelas UBS de São José dos Campos. Um total de 242 foi identificado como consumidor de bebidas alcoólicas. Deste número, 80 passaram a ser acompanhados, incluindo na rotina domiciliar. A intervenção consistia em falar sobre os riscos do consumo do álcool.
Ao Estadão, Tassiane afirmou que após três meses, metade reduziu o consumo e 25% pararam de beber. A expectativa da pesquisadora é que o modelo de abordagem ajude a desenvolver um protocolo que possa ser utilizado no sistema público de saúde.
Com o tempo, o corpo diminui a tolerância ao álcool. Entre os riscos do uso nocivo do álcool para idosos, estão o déficit no funcionamento cognitivo e intelectual, aumento do número de doenças, agravamento de problemas de saúde e problemas psicológicos.
Fonte/A tarde