À frente da Pró-Reitoria de Pós-Graduação, a professora Suely Vilela quer aperfeiçoar os programas interinstitucionais de mestrado e de doutorado, promover a internacionalização desses programas e fazer avaliações permanentes
A principal prioridade da atual Pró-Reitoria de Pós-Graduação é o monitoramento dos cursos através de avaliação interna continuada. A decisão refere-se ao fato de ter-se verificado aumento de 2,2% do conceito 3 na avaliação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), feita nos anos de 1996 e 1997, para alguns dos cursos da USP. "Precisamos avaliar o que significa tal conceito, dentro da USP, embora não seja suficiente para colocar em risco seu nível de excelência, pois a Universidade ainda mantém as melhores qualificações nessa área", afirma a pró-reitora de Pós-Graduação Suely Vilela, diretora licenciada da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (1998-2002) e titular do Departamento de Análises Clínicas, Toxicológicas e Bromatológicas da mesma unidade.
Segundo ela, a reversão é possível. Afinal, a USP dispõe de recursos humanos, infra-estrutura laboratorial e de pesquisa que "poderão facilmente melhorar esse conceito". Monitorar e fazer diagnósticos que permitam apoiar o desenvolvimento em sua área de atuação fazem parte dos planos estabelecidos em dez itens pela professora. "Interessa saber qual o perfil do nosso conceito 3 e como a Pró-Reitoria poderá atuar junto à coordenação dos cursos, visando à melhora", esclarece. O apoio se estende à incorporação de intercâmbios internacionais, dependendo do diagnóstico traçado, e intensificação de programas especiais.
Ações voltadas para a internacionalização dos programas mostram-se importantes. Quando alcançam conceitos 6 ou 7, os cursos devem ter intercâmbios internacionais. "Afinados com as coordenadorias, pretendemos agir nessa direção, buscando avançar academicamente." Trazer professores visitantes ou realizar o chamado "doutorado-sanduíche", estabelecendo intercâmbio com universidades estrangeiras, também estão dentro dos objetivos. Conhecer e administrar dificuldades são formas indicadas para buscar excelência, diminuindo "significativamente" o conceito 3, acrescenta. Esse é o mínimo permitido para o curso ser reconhecido em nível nacional. A USP dispõe de 212 programas de pós-graduação, tendo recebido em 31 deles (14,6%) o conceito 3; em 69 (32,5%), conceito 4; em 71 programas (33,5%), conceito 5; em 22 (10,4%), conceito 6; e em 17 programas (8%), recebeu conceito 7. Os considerados de bom nível alcançaram avaliação 4, 5, 6 e 7. Também esses têm necessidade de ser apoiados de maneira diferenciada. Trata-se de projetos especiais voltados para a manutenção do alto nível de qualidade, além do aprimoramento dos já consolidados ou em vias de consolidação.
AVALIAÇÃO DOCENTE
A atual gestão vai ainda contribuir para o aperfeiçoamento dos processos de avaliação. "Entendemos que a USP deverá definir indicadores que permitam contribuir com a avaliação da Capes. A Comissão de Pós-Graduação propõe associar seu processo interno ao da Capes, no sentido de definir políticas e estreitar relações, buscando interação entre as instituições, para discutir os critérios utilizados e fornecer subsídios", informa.
Na ordem de prioridades, a interação entre Pró-Reitorias vem em seguida: Pesquisa, Graduação, Cultura e Extensão, além da Pós-Graduação, deverão elaborar projetos integrados e discutir o PAE (Programa de Aperfeiçoamento do Ensino), ora gerenciado pela Vice-Reitoria. "Pretendemos discutir esse gerenciamento, pois entendemos que o PAE deveria estar a cargo das Pró-Reitorias", emenda a professora.
Ela entende que a filosofia da Universidade de integrar atividades-fim - ensino, pesquisa e extensão - poderá acomodar quatro Pró-Reitorias em projetos comuns. Para tanto, será preciso definir políticas que permitam cumprir tais metas. Entre elas está a de otimizar o tempo de titulação no mestrado e no doutorado e a diminuição das taxas de evasão, sem perda da qualidade.
"Hoje as agências de fomento - Fapesp, Capes, CNPq - estabelecem tempo de titulação aos bolsistas. Precisamos também defini-lo, a partir de ações que não impliquem perda de qualidade." A professora vê os problemas com evasão desvinculados do tempo de titulação. Vinculam-se, por outro lado, sobretudo à qualidade dos cursos, embora esta venha acompanhada do compromisso de elaborar teses em tempo menor. "É dessa adequação que precisamos", acrescenta. Novas tecnologias devem complementar tais iniciativas, incluindo o ensino de pós-graduação a distância, no futuro. Por ora, informações constantes em teses de mestrado e doutorado estão disponibilizadas pela Internet, processo ainda incipiente.
Suely Vilela pretende ver "melhor debatidos" temas como mestrado profissionalizante, pós-graduação lato sensu e sistemas de avaliação. "São temas importantes a serem colocados como relevantes, frente aos quais ainda não há consenso. Portanto, precisam ser aperfeiçoados."
Agrega-se a isso a valorização da discussão acadêmica no Conselho de Pós-Graduação. A idéia é tentar resgatar o debate, sem relegar temas da ordem do dia que precisam ser encaminhados. "Talvez possamos introduzir um assunto por vez, nas reuniões do conselho ou voltar a eles quando necessário."
Desde 1996 a USP mantém programas interinstitucionais com universidades de outros Estados brasileiros, como Alagoas, Pará e Rondônia. "Já dispomos de elementos para verificar se os objetivos que os programas propuseram foram atingidos", informa a pró-reitora. Segundo ela, a meta é implantar núcleos de pesquisa em outras universidades e formar agentes multiplicadores.
A Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP mantém programas interinstitucionais com as universidades federais de Alagoas, Roraima e Pará, para onde se deslocam docentes da USP a fim de ministrar várias disciplinas - é o mestrado interinstitucional. A idéia não é apenas formar mestres e doutores, mas pesquisadores comprometidos com o desenvolvimento de linha de pesquisa a respeito da qual passem a orientar outros estudantes. "A formação dada ao indivíduo deverá multiplicar-se. Temos condições, agora, de diagnosticar se estamos colhendo os frutos dessa proposta", reforça a professora.
AS PROPOSTAS DA NOVA GESTÃO
Dez itens definem, em linhas gerais, os principais objetivos da Pró-Reitoria de Pós-Graduação.
1. Proceder ao diagnóstico e ao aperfeiçoamento dos programas interinstitucionais dos cursos de mestrado e de doutorado.
2. Estabelecer ações visando à internacionalização dos programas.
3. Monitorar os programas através de Avaliação Interna Continuada.
4. Desenvolver projetos especiais que visem à manutenção dos altos níveis de qualidade já alcançados pela maioria dos programas e ao aprimoramento do desempenho dos programas em consolidação.
5. Aperfeiçoar a interação da Pós-Graduação com a Graduação e a Pesquisa. Discutir o PAE, inclusive o seu gerenciamento pelas Pró-Reitorias, e a iniciação científica, entre outras ações.
6. Definir políticas para otimizar o tempo de titulação de cursos de mestrado e de doutorado e a diminuição das taxas de evasão dos programas, com vistas à manutenção e ao aperfeiçoamento da qualidade da pós-graduação.
7. Elaborar estratégias para incorporar à pós-graduação as vantagens das tecnologias do ensino a distância.
8. Promover eventos para discussão de temas relevantes para a pós-graduação (mestrado profissionalizante, pós-graduação lato sensu, sistemas de avaliação etc.)
9. Valorizar a discussão acadêmica no Conselho de Pós-Graduação.
10. Definir programas especiais, juntamente com as demais Pró-Reitorias, visando ao fortalecimento das atividades-fim da Universidade.
Notícia
Jornal da USP