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UFSCar testa tecnologias para automação de sistemas agrícolas

Publicado em 25 maio 2018

A falta de alternativas eficientes para a fertilização em ambientes protegidos que não causem a salinização do solo é uma realidade no cenário brasileiro.

Procurando atender a essa demanda do mercado agrícola, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas, como é o caso de fertilizantes de liberação controlada, que utilizam polímeros biodegradáveis para levar os nutrientes às plantas.

É nesse contexto que um estudo do Centro de Ciências Agrárias (CCA) no Campus Araras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) tem o objetivo de testar a eficiência de polímeros fertiliberadores comparados à fertirrigação na cultura do tomate.

A fertirrigação é uma técnica consagrada na agricultura, que disponibiliza nutrientes às plantas via água de irrigação. Além disso, a pesquisa utiliza sensores de umidade e condutividade elétrica do solo, que automatizam o manejo da irrigação e verificam sua interação com os polímeros fertiliberadores.

O projeto de Iniciação Científica – financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) – é conduzido por Maria Eduarda Stochi Conchesqui, com colaboração de Marília Bueno da Silva.

“O experimento é realizado em casa de vegetação com a cultura de minitomate Grape e analisa critérios como tamanho, pH, teor de sólidos solúveis dos frutos, além da massa seca e teor de nutrientes das folhas.

Essas características serão, depois, relacionadas com a produtividade final obtida, possibilitando a comparação entre as diferentes formas de adubação. Ao longo do processo, também analisaremos a economia de água e nutrientes”, explica Souza.

Segundo o docente, o manejo da água e nutrientes está sendo conduzido por meio de um sistema de automação, realizado por um controlador de irrigação instalado na área experimental e que trabalha armazenando e analisando os dados coletados através da recepção de sinal de wi-fi.

“Por meio do aplicativo desse controlador, é possível ligar e desligar a irrigação manualmente e de maneira instantânea ou programar para um horário específico do dia, de forma automática”.

“O aplicativo permite que seja verificada, também, a necessidade hídrica da planta, levando em consideração dados de sensores de umidade e condutividade elétrica no solo e correlacionando-os à evapotranspiração da planta e dados de pluviosidade”.

“Isso possibilita que o sistema aborte uma irrigação programada e, consequentemente, economize água em momentos que ocorre uma chuva, por exemplo, uma vez que a necessidade da planta já foi suprida pela precipitação”, detalha o orientador.

O sistema, portanto, pode auxiliar na tomada de decisão de quando e quanto irrigar determinada cultura, tendo como base a água disponível no solo.

Assim, a tecnologia permite que o sistema dite o turno de rega necessário para as plantas de forma inteligente e eficiente, visando à sustentabilidade dos recursos naturais – água e nutrientes.

Além disso, o controlador automático se interliga a um assistente pessoal digital, que conta com uma interface via voz para os comandos de programação do manejo da irrigação.

“Isso torna o sistema mais amigável ao agricultor irrigante”, defende o pesquisador.Caso sejam comprovadas como satisfatórias, essas tecnologias poderão trazer diversos benefícios aos produtores”.

“Elas facilitam o dia a dia do produtor no momento do manejo da sua irrigação, permitindo que ele a ligue em qualquer lugar com sinal de Internet e pelo tempo desejado”, afirma Souza.

Segundo ele, até o momento, a maior dificuldade com o manejo das tecnologias foi devido à debilidade de alcance da rede wi-fi.

“Embora as inovações já sejam comercializadas pelo mundo, são pouco difundidas no Brasil – justamente por dependerem de uma infraestrutura de conexão com a Internet, que atualmente é deficitária na zona rural brasileira. Essa é uma lacuna que deve preenchida com o passar dos anos”, acredita o docente.

Souza conta que o grupo escolheu testar as interações na produção do tomateiro Grape por ser uma cultura que, além de apresentar uma necessidade hídrica e nutricional expressiva, também possui alto valor agregado.

“Considerando a relação custo-benefício, os produtores do Grape se beneficiarão muito com essa tecnologia”, destaca o professor. Nesse sentido, o próximo passo é finalizar os testes e comprovar os resultados efetivos das tecnologias, para então disponibilizá-la aos produtores.

As perspectivas futuras envolvem, também, a realização de testes do polímero de liberação controlada em diferentes doses e em outras culturas.

“Queremos verificar se é possível economizar na quantidade de insumo e pretendemos realizar testes em outros cultivos além do tomate, tendo em vista que os polímeros têm uma tendência na liberação dos nutrientes e que cada cultura apresenta uma marcha específica de absorção, sendo possível que os resultados sejam diferentes para cada uma delas”, conclui o professor.

Da redação