Até o fim do ano, a Universidade Federal do Rio de Janeiro terá acabado de montar seu primeiro Laboratório de Pinças Óticas, em que um tipo especial de laser será usado para penetrar em células ou microorganismos e pinçar elementos de seu interior sem alterar sua estrutura. Área de fronteira no mundo, a pesquisa com pinças óticas possibilita aplicações variadas, como a compreensão do funcionamento de uma série de estruturas biológicas em nível molecular.
"Para funcionar como uma pinça, a luz do laser é fortemente focalizada num ponto", explica o físico Moysés Nussenzveig, coordenador do programa. "Pode-se usar a luz para penetrar dentro de uma célula viva, uma bactéria ou um vírus e segurar qualquer elemento, deslocando partículas e medindo forças com grande precisão, sem prejudicar seu funcionamento", acrescenta. "Quando a molécula é muito pequena para ser capturada, como o DNA, usam-se microesferas de vidro ou plástico para soldar com cola bioquímica suas extremidades e dois feixes de luz para prender a molécula. Assim é possível soltá-la, por exemplo, como uma mola, para medir sua oscilação."
Nussenzveig diz que, com as pinças óticas, é possível estudar o mundo microscópico de uma forma que não era possível antes, como entender o mecanismo de funcionamento de um músculo em nível molecular. "Hoje, pode-se criar armadilhas para capturar um único átomo ou íon, e construir relógios atômicos até 100 vezes mais precisos que os atuais", compara o físico. "Pode-se também usar as pinças luminosas para produzir anticorpos monoclonais. No processo usual, colocam-se milhares de células a serem fundidas, que vão se juntar por acaso. Com as pinças, consegue-se escolher as células a dedo. Usa-se outro tipo de laser para aquecer o ponto onde se quer fundir as paredes das células."
Essas são algumas das inúmeras aplicações das pinças óticas, inventadas pelo físico americano A. Ashkin em 1987. Muito criativo. Ashkin usou a força exercida pela luz - que é bastante grande na escala microscópica - para imaginar os novos instrumentos.
"A idéia do laboratório de pinças óticas foi da Copea (Coordenação dos Programas de Estudos Avançados) da UFRJ", lembra Nussenzveig. "A universidade tem departamentos estanques - o oposto da tendência atual da pesquisa, cada vez mais interdisciplinar. O novo programa vai ser montado em uma área sem fronteiras, para destruir essas barreiras, que prejudicam a universidade." (A.I.)
ALZHEIMER TEM GENE DESCOBERTO
Uma equipe de pesquisadores de vários países identificou o gene que causa a forma mais agressiva do mal de Alzheimer, que afeta pessoas entre 30 e 40 anos. Apesar de esse gene se manifestar raramente, os cientistas acreditam que o estudo possa ser útil para resolver o mistério do gene que afeta o cérebro e causa as formas comuns do mal em pessoas com mais de 60.
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Jornal do Brasil