A partir do próximo ano letivo, os alunos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) poderão cursar matérias, fazer provas e trabalhos em grupo, entre outras atividades, sem sair de casa. Bastará que cada um conecte seu computador com o da UFRJ e acesse a base de dados desejada. O acordo para criação da "universidade virtual" foi anunciado ontem pela Lotus, empresa da International Business Machines Corp. (IBM), que viabilizará o projeto com o fornecimento de seu Lotus Notes, um conjunto de softwares. Com a transferência de seu controle acionário há seis meses, a Lotus aumentou seu ritmo de vendas e deve fechar o ano com faturamento mundial mais de 100% superior ao registrado em 1994, quando atingiu US$ 1 bilhão.
A Lotus iniciou seu conceito de "universidade virtual" no ano passado, com a New York University, dos Estados Unidos, afirma o diretor-geral da empresa no País, Carlos Fontenelle. No Brasil, o primeiro contrato foi com a instituição carioca, para a qual a empresa doou os produtos Lotus completos, cabendo à universidade adquirir as licenças de uso, isto é, a autorização para fazer o número de cópias que precisará.
O projeto deverá atendei-os 30 mil alunos de graduação, começando pelo laboratório de computação gráfica da Escola de Belas Artes. Aos poucos será estendido para os demais cursos. Os estudantes poderão conectar seus micros aos equipamentos a UFRJ por telefone ou pela Internet e acessar a base de dados da matéria, com o uso de senhas. Poderão fazer trabalhos em grupo, mesmo estando em estados ou países diferentes. O Lotus Notes faz toda a parte de comunicação entre os sistemas e oferece como ferramentas de trabalho processador de texto, planilha eletrônica e outros recursos.
Crescimento das vendas
A compra da Lotus pela IBM no meio do ano não atrapalhou o desempenho da nova subsidiária, que mais que dobrou seus resultados, a serem divulgados oficialmente só após o fechamento do ano fiscal, neste mês. Da receita registrada em 1994, 50% foi oriunda dos Estados Unidos e 50% do mercado internacional. Para 1995 a previsão de maior faturamento já inclui a queda de preços dos produtos da marca em torno de 30%, diz Fontenelle.
No Brasil, embora a Lotus não revele a receita, houve majoração na comercialização de várias linhas. O mercado SOHO, usuários domésticos e pequenas empresas, só começou a ser atacado neste ano, através de alianças estratégicas com fabricantes de hardware, para que os computadores já saiam da fábrica com o software instalado. Houve acordos com a própria IBM, para atender a toda a América Latina, Acer, Hewlett Packard e ABC Bull. Estas duas últimas, para incorporação dos programas a partir de 1996. Fontenelle estima que as vendas para o SOHO já representem em torno de 65% das licenças de software para os computadores de mesa.
Outra iniciativa foi a mudança do perfil comercial da empresa, que passou a atuar como consultoria e oferecer soluções departamentais que envolvem diversos produtos. Deixou também de entregar caixinhas com disquete, manual e licença de uso para o mercado, dedicando-se ao licenciamento corporativo. Significa que as empresas compram apenas um sistema completo e assinam um contrato, determinado número de licenças de uso. Com menos embalagens, manuais e disquetes, o produto tem menor custo e fica mais barato para o cliente. Neste ano, 80% da receita corresponde a vendas desse tipo, ante apenas 10% em 1994. Atualmente são 98 contratos corporativos em todo o País.
Os assentos do correio eletrônico CC:Mail passaram de 70 mil em 1994 para 120 mil em 1995 e do correio eletrônico Notes, de 10 mil para 140 mil no mesmo período. O pacote de softwares integrados SmartSuite também saltou de 45 mil para 170 mil unidades no mercado.
A compra da Lotus foi concretizada por US$ 3,5 bilhões. A empresa deverá continuar com identidade própria e os funcionários começam a ser transferidos para os escritórios da IBM em todo o Brasil, no início do próximo ano. A Lotus também será responsável pela comercialização dos softwares da IBM, a partir de 1996, em todo o mundo, iniciando pelos programas de "workgroups" (trabalho em grupo).
Prêmio para parceiros
Ivone Santana - de São Paulo
A Lotus reuniu ontem à noite seus parceiros de vendas e premiou aqueles que mais se destacaram em suas categorias. O destaque foi a Soft Consultoria, uma VAR (value aided reseler, ou revendedora que adiciona valor ao produto), do Rio de Janeiro, que conquistou um Fiat Uno zero quilômetro.
A produtora de software tem 40 VAR em todo o País, além de 30 revendedores autorizados para trabalho com sistemas para computadores de mesa; 30 prestadores de serviços especializados em desenvolvimento de aplicações; e dez centros de treinamento. Foram homenageadas duas ou três empresas de cada categoria. O diretor-geral da Lotus, Carlos Fontenelle, atribui o crescimento das vendas aos parceiros de negócios, já que não realiza comercialização direta.
Notícia
Gazeta Mercantil