A recente notícia da colheita de safras de soja "transgênica" plantada em solo brasileiro e que os proprietários tentaram comercializar, ignorando a legislação que proíbe o plantio e a comercialização de OGMs - organismo geneticamente modificados -,foi noticiada com arde uma bomba-relógio - quase como um escândalo.
Mas a "surpresa" não era para surpreender. Há quatro anos, no Rio Grande do Sul, lavouras de OGMs da multinacional Monsanto Company Biotechnology, dos Estados Unidos, foram incendiadas em atos de protesto comandados pelo agricultor José Bové, da França. O fato foi noticiado por todo o mundo. Mais recentemente - e coincidindo com o Decreto 4.680, baixado dia 25 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de rotulação dos produtos que contenham OGMs acima de 1% -,os empresários de engorda de frango de Pernambuco obtiveram liminar na Justiça para o desembarque de milho transgênico da Argentina.
Mas nada disso deveria "surpreender", se os "transgênicos"fossem tratados deforma mais cotidiana pela imprensa - pelo menos, uma vez na semana.
Há três anos, pelo menos, universidades importantes do Brasil pesquisam a aplicação dos transgênicos em medicamentos como vacinas para o combate ao vírus da hepatite e hormônios humanos. E também para uso veterinário.
O princípio é o do domínio de conhecimentos do DNA recombinante - genes introduzidos em células vegetais que geram proteínas determinadas. Essas intervenções com OGMs resultarão em milhos com hormônios de crescimento e insulina, lactobacilos com vacinas de combate à brucelose, pneumonia e tuberculose. E, ainda, em alface no ataque ao vírus da hepatite.
Estão ocupados com essas pesquisas para terem vacinas por modificação genética centros como a biofábrica transgênica do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (GBMEG), da Universidade de Campinas (Unicamp), o Departamento de Bioquímica e Imunologia, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e até o Instituto Butantan, de São Paulo. Os cientistas do Butantan, financiado com R$ 400 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), desenvolviam pesquisas para vacinas contra pneumonia. Aqui o método seria a partir de lactobacilos extraídos do leite.
OPORTUNISMO
Os empresários das lavouras extensivas de grãos, principalmente nas culturas de soja, milho, trigo, arroz, feijão e até o café, defendem a introdução pura e simples das sementes de OGMs com a expectativa de supersafras e muitos milhões de dólares a contabilizar, diante da deficitária relação oferta/demanda por alimentos. Os grãos "transgênicos", no caso a soja Ready Roundup (RR), da Monsanto, seria altamente resistente ao glifosato, princípio ativo do veneno (herbicida) fabricado pela Monsanto, de nome Roundup, e empregado no combate às ervas daninhas.
CÂNCER
Os pesquisadores e estudiosos mais cautelosos estão preocupados com as mudanças no ecossistema, tanto pelo excesso de venenos químicos nas lavouras - herbicidas e inseticidas - quanto pelo domínio das
plantas de laboratório sobre as naturais. Outro grupo dos contra, aponta os riscos de doenças que os resíduos dos glifosatos podem causar. Eles se acautelam com base em pesquisas de universidades dos EUA, que o resíduo daquele princípio ativo fica no grão e, no metabolismo no organismo humano ou animal, gera elementos altamente cancerígenos.
EMBRAPA
A estatal Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), do Ministério da Agricultura, durante o Governo FH, teve uma administração totalmente muito próxima ao lobby das multinacionais que desenvolvem OGMs. A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cernargen) foi mais ocupada em justificar questões econômicas, que encontrar respostas às dúvidas da sociedade sobre os efeitos dos perversos dos "transgênicos".
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