A primeira aplicação do teste clínico da SpiN-Tec em humanos foi realizada na manhã desta sexta-feira (25), na Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), no bairro Santa Efigênia, na região centro-sul de Belo Horizonte. O imunizante é o primeiro desenvolvido com tecnologias e produtos nacionais.
A vacina foi criada no CTVacinas (Centro de Tecnologia de Vacinas), em parceria com a Fiocruz Minas (Fundação Oswaldo Cruz em Minas Gerais), e custou R$ 86 milhões às instituições. O imunizante também foi custeado pela Prefeitura de Belo Horizonte, que repassou R$ 30 milhões, em 2021. A ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais) também financiou o projeto com R$ 40 milhões, sendo R$ 20 milhões de recursos da entidade e outros R$ 20 milhões do acordo entre a Vale e o Governo de Minas. O projeto já passou pelas etapas de ensaios pré-clínicos.
“Não foi observado nenhum efeito colateral no local da aplicação ou alterações sistêmicas, como perda de peso ou mudança de temperatura. Além disso, foram verificados excelentes níveis de anticorpos, resposta de linfócitos T e proteção contra a infecção com Sars-CoV-2 nos animais de laboratório”, disse o coordenador da pesquisa do imunizante, Ricardo Gazzinelli.
De acordo com a instituição, a vacina foi desenvolvida com a junção de duas proteínas, S e N. A combinação oferece proteção contra as variantes do coronavírus, já que a proteína N é menos sujeita a mutações e não está presente nos outros imunizantes.
“Esse é mais um passo relevante do Brasil na direção de ter uma cadeia nacional de produção de imunobiológicos. O Ministério da Ciência e Tecnologia atua como fomentador desse desenvolvimento para que o resultado final dessas pesquisas possa ser revertido em autonomia nacional para a produção própria e atenda às necessidades do sistema nacional de saúde”, afirma o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim.
Testes
A fase iniciada nesta sexta-feira (25) vai reunir 72 voluntários. O participante deve ter entre 18 e 85 anos, ser saudável, não ter tido Covid-19, ter recebido as duas doses iniciais da vacina CoronaVac e uma dose de reforço da Pfizer (há pelo menos nove meses), residir em Belo Horizonte durante os 12 meses de estudo e, no caso das mulheres, não estar grávida nem amamentando.
A fase 2 terá 360 voluntários, com critérios semelhantes aos da primeira. A diferença é que os participantes poderão ter recebido doses iniciais da AstraZeneca. O fato de já ter contraído Covid-19 não impede a pessoa de se habilitar para a segunda fase dos testes.