O Instituto Butantan anunciou que sua pesquisa sobre a saliva do carrapato Amblyomma cajennense capaz de reduzir tumores cancerígenos, especialmente os melanomas, está finalmente chegando em sua fase final.
A União Química Farmacêutica Nacional, co-titular da patente e detentora do licenciamento para comercialização, solicitará a autorização de testes em humanos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em novembro.
De acordo com informações do instituto, os testes realizados em animais já comprovaram a eficácia da proteína, realizando ações anticoagulantes e potencialmente anticancerígena, codificadas por um gene proveniente das glândulas salivares do carrapato.
As experiências realizadas com ratos mostraram a regressão de tumores do tipo melanoma e também de tumores de pâncreas e renais, além da redução de metástases pulmonares derivadas desses tumores. Isso representa uma boa notícia para os paciêntes de câncer de pâncreas, por exemplo, já que este não possui tratamento clínico, resultando em 100% de óbitos não tratáveis por via cirúrgica.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de pâncreas representa apenas 2% de todos os tipos, mas tem cerca de nove mil novos casos diagnosticados anualmente. Cerca de 75% dos pacientes morrem ainda no primeiro ano de tratamento, taxa essa que sobe para 94% após cinco anos da detecção do tumor.
“A saliva do carrapato possui propriedades tóxicas para células tumorais, sem oferecer risco para as células saudáveis”, explica a coordenadora do estudo, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi.
“A eficácia desta substância em humanos pode oferecer benefícios a milhares de pacientes”, destaca o diretor médico da União Química, Miguel Giudicissi Filho.
A pesquisa é patrocinada pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), farmacêutica nacional e recursos de R$ 15 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O estudo é protegido pela Patent Cooperation Teaty (PCT). A expectativa é de que o medicamento seja totalmente produzido no Brasil.