O tratamento inovador contra o câncer, feito com células reprogramadas do próprio paciente e inédito na América Latina, desenvolvido por pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC) da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), será aplicado a outros dois pacientes.
O grupo de pesquisadores envolvido no tratamento inédito pretende, agora, iniciar um protocolo de pesquisa com um número maior de voluntários. “Já temos outros dois pacientes com linfomas de alto grau em vias de receber a infusão de células reprogramadas”, destacou Renato Cunha, coordenador do Laboratório de Terapia Celular Avançada da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto.
Câncer em remissão
Um exame de imagem constatou que o linfoma em fase terminal do paciente Vamberto Castro, um funcionário público aposentado de 62 anos, morador de Belo Horizonte, tinha entrado em remissão total, ou seja, nenhum sinal de células cancerígenas foi encontrado. Antes do tratamento com as células Car-T, o prognóstico a ele era de apenas mais um ano de vida.
O mineiro recebeu alta no último sábado, 12, e deve retornar a Ribeirão Preto em três meses para refazer exames. Ele só será considerado curado, de fato, se durante os próximos cinco anos não surgirem indícios de novas células cancerígenas, protocolo usual no caso desse tipo de doença.
Dimas Tadeu Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular (CTC), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, permanece confiante que o tratamento é definitivo. “Neste momento, não há manifestação da doença. Ele era cheio de nódulos linfáticos pelo corpo. Sumiram todos. Ele tinha uma dor intratável, dependia de morfina todo dia. É uma história milagrosa e com final muito feliz”, celebrou.
Início do tratamento inovador
Por não reagir a nenhum outro tratamento e estar muito debilitado, Vamberto foi selecionado para passar pela terapia experimental como último recurso, o chamado “uso compassivo”. Ele foi incluído no protocolo de pesquisa e recebeu o novo tratamento com as chamadas células CAR-T no início do mês de setembro, permanecendo em observação no HC.
O paciente, que mal conseguia levantar da cama, em quatro dias depois de passar pelo tratamento já não sentia mais dores, em uma semana voltou a andar e, vinte dias depois, os exames não detectaram células cancerígenas no organismo. Após 20 dias do início do tratamento, foi constatada a remissão.
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