Agência Fapesp
Está em andamento até amanhã, na sede da Fapesp, em São Paulo, a Convenção Latino-Americana do Global Sustainable Bioenergy Project (GSB). Em pauta, a sustentabilidade energética. Um dos palestrantes, ex-reitor da USP e ex-ministro da Educação, José Goldemberg, falou justamente sobre "Como os biocombustíveis podem ajudar o mundo a cumprir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa?". E, de cara, afirmou: pesquisas para aprimoramento de veículos automotores é que deverão comandar as mudanças das matrizes energéticas de outros setores rumo à utilização de fontes renováveis.
De posse de dados de 2008 sobre a participação de fontes primárias de energia, o físico Goldemberg destacou que petróleo, gás natural e carvão respondem por cerca de 80% da energia consumida no planeta. "Cada ser humano consome o equivalente a 1,5 tonelada de carvão por ano", disse. E, segundo ele, para substituir esses combustíveis é fundamental saber em que áreas eles são empregados atualmente. "A destinação da energia mundial está basicamente dividida entre três setores: transportes, indústria e edifícios. E cada uma delas responde por cerca de um terço do consumo", disse.
Como a renovação de indústrias e edifícios é muito mais demorada e onerosa. "Um prédio tem uma vida útil entre 50 e 100 anos. Por isso, renovar edifícios é trabalho para dezenas de anos", afirmou. As mudanças das matrizes energéticas devem começar pelos veículos, que têm vida curta e podem ser transformados com uma rapidez muito maior. "Por esse motivo, se preocupar com transporte é um dos caminhos mais seguros para investir na sustentabilidade", destacou.
E hoje, disse, "o automóvel ocupou um lugar na população do século 20 sem precedentes na história. E é algo de que elas dificilmente vão abrir mão". Ou seja: isso torna ainda mais necessárias as pesquisas em biocombustíveis. Para Goldemberg, somente a biomassa e a eletricidade se mostraram ser fontes viáveis de substituição de petróleo em um futuro próximo. E só a biomassa teria a capacidade de substituir integralmente o combustível fóssil.
"Os biocombustíveis são a verdadeira energia solar encapsulada, convertida em líquido que substitui a gasolina. Portanto, a biomassa é uma área em que vale a pena investir em pesquisas para que seja sustentável e não uma fonte de destruição de ecossistemas", disse.