MADRI — Um paciente de Aids se submete a um transplante de medula de babuíno. A operação tem sucesso mas a equipe médica é atingida por uma epidemia fatal e desconhecida.
Esta é a pior das situações hipotéticas traçadas por um setor da comunidade científica internacional que se opõe radicalmente aos xenotransplantes, ou transplantes de órgãos e tecidos animais para seres humanos. Segundo eles, a operação presenteia as bactérias e vírus dos animais com um trampolim para o interior do corpo humano.
A polêmica, que surgiu a propósito do transplante de fígado de cervo realizado em Pittsburg, nos Estados Unidos, ganhou força com o transplante de medula de babuíno, realizado no dia 14 de dezembro em Jeff Getty, um doente de Aids, em São Francisco. Operações semelhantes estão programadas para este ano. Apesar do visto positivo das severas autoridades sanitárias americanas, os protestos crescem.
"Será quase milagroso se o experimento em São Francisco der certo", diz Rafael Matesanz, diretor da Organização Nacional de Transplantes. "A medula constitui um elemento imunológico chave e seu transplante bem sucedido poderia alterar todo o sistema do paciente", explica. Mas o médico avisa que o transplante exige que as defesas do paciente sejam reduzidas para evitar a rejeição. "Isto acaba criando um ambiente ideal para a aclimatação de um agente infeccioso desconhecido", alerta.
O que alimenta a visão sombria destes médicos são epidemias de Aids e Ebola, vírus mortíferos supostamente transmitidos aos humanos por macacos africanos. O que aconteceria, perguntam os críticos, se a febre hemorrágica, a herpes e outros retro vírus que afetam os símios fossem introduzidos em zonas mais vulneráveis do corpo humano?
Notícia
Jornal do Brasil