WASHINGTON — A encefalite espongiforme bovina, ou doença da vaca louca, não é causada por vírus ou bactérias, mas por prions, agentes infecciosos capazes de destruir os neurônios cerebrais. Os prions são partículas de proteína sem material genético, e portanto, sem vida. As certezas dos cientistas acabam por aí, já que até agora não conseguiram dizer como estas proteínas são transmitidas, como se multiplicam, ou como causam a degeneração cerebral das vacas. E não há nem mesmo 100% de segurança para dizer que a doença da vaca louca está ligada à de Creutzfeldt-Jakob. "Há razões fortes para se suspeitar da ligação entre a doença humana e a doença da vaca na Grã-Bretanha. Será que estamos sentados em uma bomba-relógio? Não há maneira de saber. Mas eu não estaria sendo honesto se dissesse que não há nada para nos preocuparmos", alerta o especialista Joe Gibbs, do Instituto Nacional de Saúde britânico.
A doença da vaca louca infecta o cérebro e causa a morte lenta em até 13 meses. Demora de seis a sete anos para aparecer nos animais. Já a doença de Creutzfeldt-Jakob demora de 40 a 50 anos para aperecer nos humanos. O mal de Creutzfekdt-Jakob pode ser identificado por uma série de sintomas. No início, aparecem alterações de comportamento, que podem chegar à cegueira, demência e paralisia progressiva. Ainda não há cura para esta moléstia.
Uma vez que a pessoa está infectada, não há nenhum teste para indicar a doença de Creutzfeldt-Jakob. A única forma de confirmá-la, dizem os especialistas, é através de autópsia. Quando o cérebro- é aberto, está cheio de grandes nódulos de prions que bloqueiam a atividade cerebral normal.
A crise da vaca louca na Grã-Bretanha provocou uma revisão de como deve ser feita a alimentação do rebanho. O especialista Richard Marsh, da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, diz que o uso da carne de vacas que morreram há mais de 24 horas para alimentar outros animais é uma prática que deve ser interrompida no combate à encefalite espongiforme bovina. Na pesquisa que fez em 1985, ele relata que os bois selvagens alimentados com estas carcaças quase sempre morriam da doença relacionada ao príon.
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Jornal do Brasil