Seis turistas brasileiros foram encontrados mortos em um apartamento em Santiago. A suspeita é de que tenham inalado monóxido de carbono
Tragédia no Chile: dispositivo criado em São Carlos protege contra inalação de gás e explosões Na quarta-feira (22), seis turistas brasileiros foram encontrados mortos em um apartamento no centro de Santiago, no Chile. A suspeita é de que eles tenham inalado monóxido de carbono. O grupo estava de férias e havia alugado o apartamento na cidade para comemorar o aniversário de uma adolescente que estava com o grupo. Um casal que morava em Hortolândia está entre as vítimas.
De modo a evitar que tragédias como essa aconteçam, uma pesquisa realizada no Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), em São Carlos, desenvolveu dispositivos de proteção contra envenenamento por monóxido de carbono e explosivos. O sistema, que está sendo apresentado no Simpósio de Pesquisa e Inovação em Materiais Funcionais nesta quinta (22) e sexta-feira (23) em São Carlos, é capaz de interromper o suprimento de gás de uma instalação quando é detectada concentração que possa ameaçar a segurança das pessoas, seja pela intoxicação ou pelo risco de explosão.
Perigo
Até hoje, diversos casos de envenenamento devido à má combustão na queima de gás natural (GN) ou envazado (GE) são relatados pelo mundo. No Brasil, acidentes são registrados principalmente no sul do País, devido ao uso mais frequente de aquecimento a gás. De acordo com as estatísticas, nos últimos dez anos foram registradas mais de 60 mortes por acidentes envolvendo a inalação de gás.
De forma a controlar o problema na Argentina, o diretor do CDMF e professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Elton Longo, recebeu empresários argentinos em março. Os industriais têm a intenção de apoiar e comercializar os dispositivos, já que o país apresenta cerca de 250 mortes e 2 mil intoxicações registradas por ano. O projeto já havia sido apresentado na Câmara dos Deputados da Argentina, em Buenos Aires, em setembro.
Devido ao grande número de pessoas acidentadas e mortas por gases, o deputado argentino Eduardo Bucca apresentou um projeto de lei que obriga a utilização deste sensor que está sendo pesquisado pelo CDMF.
O dispositivo
A pesquisa, financiada pela FAPESP e CNPq (Brasil) e CONICET (Argentina), Ministério de Ciência, Inverstigación y Universidads (Espanha) e INFN (Itália), consiste no desenvolvimento de um sistema de interruptor de corte de gás GN ou GE. O dispositivo seria capaz de interromper o suprimento de gás de uma instalação se uma concentração de CO, GN ou GE for detectada nos ambientes acima de um nível pré-estabelecido para segurança das pessoas que utilizam estes gases. Além disso, a tecnologia também dispara um alarme no caso de perigo ou atenção. A importância deste sistema consiste em evitar a toxicidade por inalação de CO e o risco de explosão por GN ou GE.
O projeto prevê que os aparelhos aquecedores de água principalmente comerciais e calefactores tenham um sensor eletrônico de CO do tamanho de um chip, que já está desenvolvido e patenteado pelos pesquisadores. Seu sinal é processado por um circuito que, quando detecta a concentração de CO, produz uma interrupção e corta o fluxo de gás.
SPIMF
Nesta quinta e sexta-feira os pesquisadores argentinos, juntos ao professor Elson Longo, visitam São Carlos durante o Simpósio de Pesquisa e Inovação em Materiais Funcionais da UFSCar para apresentar o dispositivo.
O objetivo é divulgar os avanços mais recentes na síntese e desenvolvimento de materiais funcionais, principalmente os relacionados às áreas de Energia, Meio Ambiente e Saúde, de enorme interesse e importância na atualidade, e, também, na Teoria, fundamental à melhor compreensão das propriedades físico-químicas e dos fenômenos associados a esses materiais. "Foram registradas 53 inscrições na área de Energia, 52 em Meio Ambiente, 58 em Saúde e 36 em Química teórica", informou o professor Elson Longo.
O evento acontece nos dias 23 e 24 de maio, das 8h às 18h30, no Teatro Florestan Fernandes da UFSCar, que fica na av. Biblioteca Comunitária, s/n, Monjolinho, São Carlos.
Sobre o CDMF
O CDMF é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) apoiados pela Fapesp, e recebe também investimento do CNPq, a partir do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN). Multidisciplinar e com inserção internacional, o Centro reúne pesquisadores da UFSCar, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade de São Paulo (USP), Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Centro de Tecnologia de Informação Renato Archer (CTI).
O CDMF atua no desenvolvimento de materiais funcionais e nanoestruturados, que buscam atender as novas demandas da sociedade em três áreas estratégicas: Energia, Saúde e Meio Ambiente e Sustentabilidade. Mais informações sobre o CDMF podem ser encontradas em cdmf.org.br.