Rede Nacional de Pesquisa (RNP) está prestes a abrir as linhas de seu backbone (rede física da Internet) para o tráfego de informações comerciais. Será um passo decisivo para a melhoria dos serviços de Internet no Brasil, pois criará uma alternativa para os usuários não-acadêmicos, cujos serviços de acesso se limitam. Me, às empresas conectadas ao backbone da Embratel.
A RNP havia planejado abrir seu backbone em outubro quando novas linhas de 2 megabits por segundo (Mbps) já estariam instaladas, melhorando o tráfego. Mas, segundo o coordenador do Centro de Operações da RNP, Demi Getschko, até o final da semana passada nenhuma das novas linhas estava operando - embora o Sistema Telebrás houvesse se comprometido em instalá-las até 30 de setembro.
De seu escritório, na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp, onde também é gerente de Internet), Getschko monitora as linhas de todo o backbone da RNP, conferindo se elas estão "no ar". É uma espécie de operador oculto da Internet brasileira- suas atribuições incluem, ainda o registro de todos os endereços IP (numéricos) e domains (nomes de empresas) na rede e a definição das rotas de dados no Brasil.
Getschko foi, por isso, o único membro do Comitê Gestor escolhido por critérios puramente técnicos. Nesta entrevista ao JT, de dá detalhes sobre o funcionamento da Net no Brasil.
JT - Por quê o registro de endereços ficou a cargo da fapesp no Brasil?
Demi Getschko - A Internet usa uma estrutura hierárquica de nomes, que vai do domínio externo (a sigla do país, ".br") ao nome da instituição ou máquina ligada à rede Havia a necessidade de um computador centralizar as consultas internacionais sobre endereços no Brasil e, como a Fapesp foi a primeira rede a se conectar à Internet no País, acabou assumindo esta tarefa
A Fapesp também distribui endereços IP. Eles podem acabar um dia?
Esta é a parte mais complicada do trabalho. É preciso alocar os endereços IP de forma econômica, para não acabarem logo, e com racionalidade - conforme o tipo de rede ou a região - para facilitar o roteamento. A Fapesp recebeu do Intemic (órgão responsável pela distribuição dos endereços IP no mundo) 32 mil endereços classe C em 94 (cada endereço classe C equivale a 256 endereços IP). Já havíamos recebido mil endereços classe C antes. Este bloco (ao total 8 milhões de endereços IP) será distribuído entre todas as áreas: redes acadêmicas (RNP, Rede Rio) e comerciais (Embratel, Internet Now).
Qual a relação entre os endereços IP e as rotas de informações na Net?
Cada endereço precisa ser subagrupado e roteado (orientado) para as linhas correspondentes. Cada pedaço da Internet está liga do a uma rede: um à Embratel, outro à Rede Rio, outro à Fapesp. Ao vincular um endereço a um tipo de rede, comercial ou acadêmica, também definimos por onde vão passar as informações do proprietário do endereço. No backbone da RNP, este roteamento é feito em acordo com todas as redes. Por exemplo, é sabido que a Rede Rio não aceitará tráfego comercial em suas linhas.
Notícia
Jornal da Tarde