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Jornal de Piracicaba online

Tomógrafo detecta risco de queda de árvore

Publicado em 20 junho 2006

Um tomógrafo de impulso, de origem alemã, avaliado em 10 mil euros, financiado pela FAPESP (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo) está sendo utilizado pelo laboratório de métodos quantitativos do departamento de ciências florestais da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).
O objetivo, segundo informa a assessoria de imprensa da Esalq, é o de "elaborar projetos de políticas públicas em silvicultura urbana, em áreas pobres e de baixa densidade arbórea".
O uso do equipamento é amplo, mas sua principal importância é a detecção do risco de tombamentos em situações climáticas extremas, como a chegada de tempestades e ciclones.
As pesquisas, comandadas pelos professores Demóstenes Ferreira da Silva Filho, Mário Tomazello Filho e Hilton Thadeu Zarate de Couto, em parceria com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), estão acontecendo em dois campos distintos.
O primeiro é o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, onde se estuda o risco de queda dos eucaliptos lá plantados. O outro é Piracicaba, onde será feito um mapa arbóreo, seguido de um planejamento de arborização.
Esse planejamento, informa o secretário municipal de Meio Ambiente, Francisco Rogério Vidal e Silva, acontece numa parceria com a prefeitura, através de um convênio firmado com a Esalq.
Segundo Vidal, o plano vai estabelecer como será a arborização urbana no futuro de Piracicaba. "É necessário termos um inventário e isso está sendo feito há algum tempo pela equipe do professor Demóstenes", afirmou.
À esse inventário se somam outras ações, como um workshop realizado na Semana Municipal do Meio Ambiente e o envio de projetos de lei à Câmara de Vereadores, dispondo sobre arborização urbana.
O plano que resultará desse conjunto de medidas, determinará as ações que serão realizadas e definirá, por exemplo, que tipo de árvore deverá ser plantada em cada região da cidade.
De acordo com Vidal, "a aplicação do plano é coisa rápida". O inventário deverá estar concluído até o final do primeiro semestre e, logo em seguida, serão definidas as diretrizes, que estarão contidas num manual técnico previsto em lei.
O plano vai nortear tanto o projeto de arborização, quanto o de substituição de árvores, mas a Sedema pretende evitar "ao máximo", a supressão de árvores.
Segundo Rogério Vidal, de imediato o plano vai mostrar os vazios arbóreos existentes no município, que receberão uma ação incisiva, que inclui a educação ambiental. Esse procedimento já acontece no projeto Piracicaba mais Verde, que a Sedema desenvolve.
O plano que sairá da ação conjunta com o departamento de ciências florestais da Esalq, definirá ações mais específicas como: que espécies devem ser plantadas, que mudanças deverão ser feitas nos equipamentos urbanos existentes —— como a rede de iluminação pública.
Rogério informa que a definição das espécies a serem plantadas passa antes pelo tipo de solo existente na região, onde há o vazio arbóreo. Piracicaba tem, pelo menos, quatro tipos de solos diferentes em seu território.
A Sedema ainda não possui dados que indiquem a relação árvores plantadas/habitantes. "Nenhuma cidade tem isso", enfatiza Rogério, explicando que o professor Demóstenes Ferreira da Silva Filho realizou uma videografia aérea —— um vídeo aliado a fotos de satélite —— que mostra que Piracicaba deve estar bem acima do índice de 12 metros quadrados/habitante, preconizado pela ONU.
"Dados da arborização em Piracicaba não levaram em conta locais como a Reserva de Ibicatu, a Chácara Nazareth e o Parque da Esalq", afirma Rogério. De acordo com o Secretário, a área central é um vazio arbóreo, mas "é impossível plantar arvores na rua Governador".
Quanto às espécies mais indicadas para plantio urbano, ele destaca que a lista é grande e que hoje se recomenda plantar, no máximo, 15% de cada espécie nos locais a serem arborizados, "visando uma maior diversidade".

O tomógrafo — De acordo com informações da assessoria de imprensa da Esalq, apesar do nome, o sistema de tomografia arbórea é bastante simples.
O equipamento trabalha conectado a um computador e na outra ponta há sensores presos ao tronco. Neles, um programa capta as vibrações mecânicas da madeira geradas pela batida de um martelo.
A técnica é conhecida como não-invasiva, ou seja, não perfura a madeira. Outra importante finalidade do aparelho, ainda não explorada, é a sua melhora no manejo de florestas nativas.
"É estimado que na Amazônia, de cada três árvores nobres, uma está perdida para o uso de sua madeira. E, se isso procede, o equipamento pode apontar, o que evitaria sua derrubada precoce", explica o professor Demóstenes.