Um tomógrafo de impulso, de origem alemã, avaliado em 10 mil euros, financiado pela FAPESP (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo) está sendo utilizado pelo laboratório de métodos quantitativos do departamento de ciências florestais da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).
O objetivo, segundo informa a assessoria de imprensa da Esalq, é o de "elaborar projetos de políticas públicas em silvicultura urbana, em áreas pobres e de baixa densidade arbórea".
O uso do equipamento é amplo, mas sua principal importância é a detecção do risco de tombamentos em situações climáticas extremas, como a chegada de tempestades e ciclones.
As pesquisas, comandadas pelos professores Demóstenes Ferreira da Silva Filho, Mário Tomazello Filho e Hilton Thadeu Zarate de Couto, em parceria com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), estão acontecendo em dois campos distintos.
O primeiro é o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, onde se estuda o risco de queda dos eucaliptos lá plantados. O outro é Piracicaba, onde será feito um mapa arbóreo, seguido de um planejamento de arborização.
Esse planejamento, informa o secretário municipal de Meio Ambiente, Francisco Rogério Vidal e Silva, acontece numa parceria com a prefeitura, através de um convênio firmado com a Esalq.
Segundo Vidal, o plano vai estabelecer como será a arborização urbana no futuro de Piracicaba. "É necessário termos um inventário e isso está sendo feito há algum tempo pela equipe do professor Demóstenes", afirmou.
À esse inventário se somam outras ações, como um workshop realizado na Semana Municipal do Meio Ambiente e o envio de projetos de lei à Câmara de Vereadores, dispondo sobre arborização urbana.
O plano que resultará desse conjunto de medidas, determinará as ações que serão realizadas e definirá, por exemplo, que tipo de árvore deverá ser plantada em cada região da cidade.
De acordo com Vidal, "a aplicação do plano é coisa rápida". O inventário deverá estar concluído até o final do primeiro semestre e, logo em seguida, serão definidas as diretrizes, que estarão contidas num manual técnico previsto em lei.
O plano vai nortear tanto o projeto de arborização, quanto o de substituição de árvores, mas a Sedema pretende evitar "ao máximo", a supressão de árvores.
Segundo Rogério Vidal, de imediato o plano vai mostrar os vazios arbóreos existentes no município, que receberão uma ação incisiva, que inclui a educação ambiental. Esse procedimento já acontece no projeto Piracicaba mais Verde, que a Sedema desenvolve.
O plano que sairá da ação conjunta com o departamento de ciências florestais da Esalq, definirá ações mais específicas como: que espécies devem ser plantadas, que mudanças deverão ser feitas nos equipamentos urbanos existentes —— como a rede de iluminação pública.
Rogério informa que a definição das espécies a serem plantadas passa antes pelo tipo de solo existente na região, onde há o vazio arbóreo. Piracicaba tem, pelo menos, quatro tipos de solos diferentes em seu território.
A Sedema ainda não possui dados que indiquem a relação árvores plantadas/habitantes. "Nenhuma cidade tem isso", enfatiza Rogério, explicando que o professor Demóstenes Ferreira da Silva Filho realizou uma videografia aérea —— um vídeo aliado a fotos de satélite —— que mostra que Piracicaba deve estar bem acima do índice de 12 metros quadrados/habitante, preconizado pela ONU.
"Dados da arborização em Piracicaba não levaram em conta locais como a Reserva de Ibicatu, a Chácara Nazareth e o Parque da Esalq", afirma Rogério. De acordo com o Secretário, a área central é um vazio arbóreo, mas "é impossível plantar arvores na rua Governador".
Quanto às espécies mais indicadas para plantio urbano, ele destaca que a lista é grande e que hoje se recomenda plantar, no máximo, 15% de cada espécie nos locais a serem arborizados, "visando uma maior diversidade".
O tomógrafo — De acordo com informações da assessoria de imprensa da Esalq, apesar do nome, o sistema de tomografia arbórea é bastante simples.
O equipamento trabalha conectado a um computador e na outra ponta há sensores presos ao tronco. Neles, um programa capta as vibrações mecânicas da madeira geradas pela batida de um martelo.
A técnica é conhecida como não-invasiva, ou seja, não perfura a madeira. Outra importante finalidade do aparelho, ainda não explorada, é a sua melhora no manejo de florestas nativas.
"É estimado que na Amazônia, de cada três árvores nobres, uma está perdida para o uso de sua madeira. E, se isso procede, o equipamento pode apontar, o que evitaria sua derrubada precoce", explica o professor Demóstenes.
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Jornal de Piracicaba online