A vacina Qdenga, do laboratório japonês Takeda, começará a ser distribuída na próxima semana a 521 municípios selecionados pelo Ministério da Saúde. O imunizante havia sido aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em março de 2023. Em dezembro, o governo anunciou a incorporação do insumo no SUS (Sistema Único de Saúde).
As cidades que receberão a vacina são consideradas endêmicas para a doença. Serão imunizadas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, uma das faixas etárias que concentra o maior número de hospitalizações por dengue, atrás apenas dos idosos.
Leia abaixo algumas das principais perguntas e respostas sobre a vacinação com a Qdenga no país:
Quando começa a vacinação contra a dengue no SUS?
A previsão é que as doses comecem a ser distribuídas aos 521 municípios na próxima semana. Segundo o Ministério da Saúde, as cidades têm liberdade iniciar a vacinação assim que as doses começarem a chegar. A organização das campanhas, incluindo datas, horários e pontos de vacinação, portanto, ficará a cargo dos governos estaduais e municipais. Será preciso conferir o cronograma com as prefeituras e as secretarias estaduais e municipais de saúde.
Quem pode tomar a vacina pelo SUS?
Apesar de a bula da Qdenga indicar o imunizante para pessoas com idade de 4 a 60 anos, o ministério anunciou que, no SUS, a princípio, o público-alvo será apenas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, um dos grupos que concentra maior número de hospitalizações por dengue, atrás apenas dos idosos. A decisão foi tomada em razão da quantidade limitada de doses fornecidas pelo laboratório fabricante.
Não estou entre o público prioritário. Como faço para tomar a vacina?
Quem está fora da faixa etária classificada como prioritária pode procurar a vacina na rede particular. Neste caso, é preciso ficar atento, já que há 2 imunizantes distintos no mercado: a Qdenga e a Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi. A 2ª opção é indicada para pessoas de 6 a 45 anos que já tiveram dengue.
Qual o preço da vacina no sistema particular?
O preço praticado em laboratórios e farmácias particulares flutuou bastante ao longo dos últimos 11 meses. Quem tomou a dose assim que a Qdenga foi aprovada pela Anvisa pagou mais barato. Hoje, os valores ficam em torno de R$ 400 cada dose, sendo que o combo com duas doses (esquema completo) sai mais barato.
Gestantes e lactantes podem tomar a vacina?
A Qdenga é contraindicada para gestantes e lactantes e, portanto, não pode ser administrada nem na rede pública, nem na privada. A dose também não é indicada para pessoas com imunodeficiências primárias ou adquiridas e indivíduos que tiveram reação de hipersensibilidade à dose anterior. Mulheres em idade fértil que pretendem engravidar devem usar métodos contraceptivos por um período de 30 dias depois da vacinação.
Pessoas com mais de 60 anos não têm indicação para receber a dose em razão da ausência de estudos clínicos. Apesar disso, a EMA (Agência Europeia de Medicamentos, na sigla em inglês) e a Anmat (Administración Nacional de Medicamentos, Alimentos y Tecnología Médica), agência regulatória argentina, aprovaram o uso de Qdenga a partir dos 4 anos sem limite superior de idade, considerando potenciais benefícios no grupo, mais suscetível às formas graves da doença.
“ Assim, a recomendação para indivíduos com mais de 60 anos deve ser encarada como uma indicação off label, a critério médico, respaldada pela aprovação por outras agências regulatórias, mas sem dados que atestem a segurança e a eficácia ”, explicou a SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações).
A vacina também protege contra zika e chikungunya?
A Qdenga previne exclusivamente casos de dengue e não protege contra outros tipos de arboviroses, como zika, chikungunya e febre amarela. Para a febre amarela, estão disponíveis duas vacinas: uma produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), utilizada pela rede pública, e outra produzida pela Sanofi, utilizada pelos serviços privados de imunização e, eventualmente, pela rede pública.
Quantas doses e quais são os intervalos de aplicação da vacina?
O esquema completo da Qdenga é composto por duas doses, a serem administradas por via subcutânea com intervalo de 3 meses entre elas. Quem já teve dengue também deve tomar as doses. A recomendação, nesses casos, é especialmente indicada por conta da melhor resposta imune à vacina e por ser uma população classificada como de maior risco para casos graves da doença.
Para quem apresentou a infecção recentemente, a orientação é aguardar 6 meses para receber o imunizante. Já quem for diagnosticado com a doença no intervalo entre as duas doses deve manter o esquema vacinal, desde que o prazo não seja inferior a 30 dias em relação ao início dos sintomas.
A vacina contra a dengue passou por testes?
A Qdenga demonstrou ser eficaz contra a dengue tipo 1 em 69,8% dos casos; contra a dengue tipo 2, em 95,1%; e contra a dengue tipo 3, em 48,9%. Já a eficácia contra a dengue tipo 4 não pôde ser avaliada devido ao número insuficiente de casos causados pelo sorotipo durante o estudo. Também houve eficácia contra hospitalizações por dengue, com proteção geral de 84,1%, além de estimativas semelhantes entre soropositivos (85,9%) e soronegativos (79,3%).
Quantas e quais são as vacinas contra a dengue aprovadas para uso no Brasil?
A Qdenga é a 1ª vacina contra a dengue aprovada no Brasil para um público mais amplo, já que o imunizante aprovado anteriormente, a Dengvaxia, só pode ser utilizado por quem já teve a doença. A Dengvaxia não foi incorporada ao SUS e é contraindicada para indivíduos que nunca tiveram contato com o vírus da dengue em razão do risco de desenvolver quadros graves da doença.
O Instituto Butantan, que é o maior produtor de vacinas e soros da América Latina e principal produtor de imunobiológicos do Brasil, está em fase final de desenvolvimento de uma nova vacina contra a dengue. Assim como a Qdenga, o imunizante do Butantan é tetravalente e, portanto, protege contra os 4 subtipos do vírus, mas conta com um diferencial: será administrado em dose única, contra as duas doses necessárias da Qdenga. A previsão é que o instituto entre com o pedido de registro à Anvisa neste ano.