Imagine jogos que não apenas divertem ou ensinam, mas que também educam e transmitem conhecimento real. Sim, eles existem. O responsável pela criação desse entretenimento inusitado é Octavio Henrique Pavan, 53 anos, professor e diretor associado do Instituto de Biologia da Unicamp. Junto com bolsistas de um curso de aperfeiçoamento em genética realizado pelo Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Pavan criou seu primeiro jogo, o Evoluindo Genética. Destinado ao ensino lúdico da genética nos níveis de ensino fundamental e médio, o Evoluindo Genética não é complicado de se jogar. O tabuleiro e a movimentação são similares ao do Imagem e Ação (Grow). Mas para seguir em frente o jogador precisa acertar uma das 800 perguntas de múltipla escolha sobre genética. Pode-se pensar, então, que um jogador com boa sorte pode vencer uma partida chutando. Sim, é possível, mas Pavan eliminou a possibilidade de triunfo dos chutadores ao implementar, a partir do jogo, as Olimpíadas de Genética. Com a competição, que envolve várias sessões de jogos, primeiro dentro das escolas e, depois, apenas com os melhores alunos de cada instituição de ensino, há a certeza de que apenas o aprendizado leva à vitória. Com o apoio da Fapesp, o projeto distribuiu três mil jogos para 80 escolas que deram aulas extras de genética a seus alunos, para que eles tivessem base para participar da olimpíada realizada na Unicamp. O evento fez tanto sucesso que se repetiu por mais dez vezes e gerou novos projetos. Ainda este ano será realizada a primeira Olimpíada Nacional, envolvendo 12 Estados, 300 escolas e 100 mil alunos. Todo esse êxito a partir de um assunto tão específico levou Pavan a experimentar outros dois mecanismos de jogos. Um deles, envolvendo cartas de baralho, é chamado EmbaraIhando o DNA e foi lançado recentemente pela Editora da Unicamp, também publicadora do Evoluindo Genética. O outro é chamado de Jogo do Saber - que nada mais é do que o bom e velho bingo, porém revisitado pelo professor para o ensino de genética. A mecânica é simples: cada número cantado no bingo corresponde à definição de um conceito, e o jogador deve marcar em sua carteia o conceito correspondente. Vence quem fizer uma linha na horizontal, vertical ou diagonal. A grande sacada do criador, no entanto, foi perceber que o mecanismo por ele desenvolvido poderia ser aplicado para praticamente qualquer tema, todos com a função de aprendizado. Pavan já desenvolveu dezenas de Jogos do Saber, com os temas mais diversos e distantes, como equitação, basquete, pintura e até mesmo um especial sobre música, em conjunto com a Orquestra Sinfônica da Unicamp. O professor defende que esta é apenas uma primeira fase de aprendizado, que flui dos círculos acadêmicos para a população. E o que se pretende, principalmente com os bingos, é criar um canal para que, no futuro, a população também possa devolver esses ensinamentos em forma de conhecimento à Academia. Sem dúvida, um belo ideal. O Evoluindo Genética custa R$ 20. Embaralhando o DNA sai por R$ 14. Os jogos podem ser adquiridos na Editora da Unicamp
Notícia
Correio Popular (Campinas, SP) online