As quedas são uma das principais causas de morte entre idosos, sendo responsáveis por sérios problemas de saúde como fraturas, redução da mobilidade e, em casos graves, óbitos. Para prevenir essas quedas, especialistas recomendam que os idosos realizem testes de equilíbrio anualmente durante suas consultas de rotina. No entanto, um estudo recente revela que os testes atuais podem ser ineficazes para prever quedas futuras, especialmente porque a duração dos testes é muito curta.
Realizado pelo Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio (L.A.R.E.) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), o estudo propôs um teste aprimorado, com duração maior, para prever com mais precisão o risco de quedas em idosos. A pesquisa foi publicada na BMC Geriatrics e envolveu 153 voluntários, com idades entre 60 e 89 anos, residentes em Ribeirão Preto e região.
O Teste Atual e Suas Limitações Atualmente, os testes de equilíbrio exigem que o idoso permaneça em uma posição desafiadora por apenas 10 segundos, como com os pés paralelos, semi-tandem ou unipodal. No entanto, esse período é considerado muito curto para uma avaliação eficaz, principalmente para identificar riscos iniciais de quedas. Daniela Cristina Carvalho de Abreu, coordenadora do estudo e do L.A.R.E., destacou em entrevista à Agência Brasil que esse tempo é insuficiente para uma análise completa do equilíbrio do idoso.
O Novo Teste de Equilíbrio Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), os pesquisadores expandiram o tempo de teste para 30 segundos em duas das posições mais desafiadoras: unipodal e tandem. Os resultados mostraram que o tempo necessário para identificar o risco de quedas varia entre aqueles que sofreram quedas e os que não sofreram.
Os voluntários que caíram conseguiram se manter na posição unipodal por uma média de 10,4 segundos e na posição tandem por 17,5 segundos. Já os que não sofreram quedas mantiveram o equilíbrio por tempos consideravelmente mais longos: 17,2 segundos na posição unipodal e 24,8 segundos na tandem. Isso sugeriu que os testes atuais não são suficientes para prever quedas futuras, como indicou o estudo.
Implicações para a Saúde Pública Com a inclusão de um teste mais detalhado e de baixo custo, a detecção precoce do risco de quedas se torna mais eficaz. Segundo a coordenadora do estudo, o novo teste pode ser realizado em espaços pequenos, sem a necessidade de equipamentos caros e com uma capacitação simples para profissionais de saúde. Esse teste pode ser implementado facilmente na Atenção Básica, como parte do rastreio anual obrigatório para idosos.
O teste proposto pode ajudar a identificar idosos com risco de quedas, permitindo que medidas preventivas sejam adotadas a tempo, evitando fraturas e outras complicações. A estratificação do risco, que classifica os idosos em categorias de risco baixo, moderado ou alto, facilita a implementação de intervenções adequadas, contribuindo para o envelhecimento saudável e reduzindo os custos com tratamentos de lesões.
Próximos Passos e Importância de Avaliações Mais Detalhadas É importante ressaltar que os testes de equilíbrio propostos são apenas uma triagem inicial. Para uma avaliação mais completa, ainda será necessário investigar possíveis causas como fraqueza muscular, problemas articulares ou comprometimento sensorial. Portanto, os testes de equilíbrio devem ser complementados por exames mais detalhados para garantir a melhor abordagem no cuidado da população idosa.
A implementação dessa nova abordagem de rastreio pode ser uma mudança significativa na forma como a saúde pública aborda o problema das quedas entre os idosos, potencializando a prevenção e a promoção do envelhecimento saudável.