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Teste facilita diagnóstico de diarréias agudas

Publicado em 20 abril 2012

Um kit semelhante ao dos testes de gravidez vendidos em farmácia foi desenvolvido no Instituto Butantan para ajudar a diagnosticar a causa da diarreia aguda, doença que mata anualmente 1,5 milhão de crianças menores de cinco anos no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O exame é capaz de detectar três categorias da bactéria Escherichia coli, responsável por 30% a 40% dos casos nos países em desenvolvimento. Basta colocar uma tira de papel em uma amostra de fezes previamente preparada e, em 15 minutos, linhas vermelhas indicam se um dos três tipos do bacilo está presente.

“Existem seis categorias de E. coli capazes de causar diarreia, cada uma com diferentes características de virulência e epidemiológicas”, explicou a pesquisadora Roxane Maria Fontes Piazza, que coordenou o projeto “Imunodiagnóstico de Escherichia coli diarreiogênica”, financiado pela FAPESP.

O teste abrange duas categorias consideradas endêmicas no Brasil: a enteropatogênica (EPEC) e a enterotoxigênica (ETEC). Detecta também a E. coli produtora da toxina de Shiga (STEC), que, embora seja rara no país, preocupa os órgãos de saúde por causar formas graves da doença, podendo levar à colite hemorrágica e à falência renal.

“Há outra categoria bastante comum no Brasil que ficou de fora, a enteroagregativa (EAEC). Isso porque ela não produz uma proteína-alvo que permita sua identificação em testes desse tipo”, explicou Piazza.

Piazza coordena há 13 anos projetos de pesquisa apoia­ dos pela FAPESP para melhorar o diagnóstico das infecções por E. co/i. Os primeiros trabalhos obtiveram os anticorpos contra as proteínas ou toxinas produzidas por essas três categorias da bactéria. Em seguida, os anticorpos foram testados em outros métodos de diagnóstico para avaliar sua sensibilidade.

“Quando estávamos com todos os anticorpos em mãos, decidimos padronizar esse kit para realização do exame imunocromatográfico. Esse método é mais rápido, mais fácil de ser executado e tem custo acessível, podendo ser usado em qualquer laboratório clínico”, disse Piazza.

O trabalho resultou no doutorado de Letícia Barboza Rocha, realizado com Bolsa da FAPESP.