O Instituto Butantan deverá iniciar, em breve, testes clínicos de uma vacina oral contra hepatite B que promete ter a mesma eficácia da vacina injetável, mas mais fácil de ser aplicada e com custo mais baixo. O anúncio foi feito por Osvaldo Augusto Brazil Esteves Sant’Anna, pesquisador do Instituto Butantan, durante conferência na 65ª Reunião Anual da SBPC, em Recife.
“O protocolo para iniciar os testes clínicos da vacina está sendo preparando. A vacina é importante mundialmente por mudar um paradigma de vacinação”, disse Sant’Anna.
De acordo com o pesquisador, um dos desafios para se administrar vacinas por via oral é fazer com que os antígenos (responsáveis pela imunização) cheguem ao sistema imune, localizado fundamentalmente no intestino. A dificuldade ocorre porque é difícil atravessar o suco gástrico – que possui acidez muito alta, além de proteases (enzimas que quebram proteínas) – e chegar incólume ao intestino, a partir de onde será realizada a ação de imunização. Por esse motivo, um dos únicos exemplos de vacina administrada por via oral atualmente no mundo é a Sabin, utilizada para imunizar crianças contra a poliomielite.
Sant’Anna, em colaboração com Marcia Fantini, professora do Instituto de Física da USP, desenvolveu uma forma de encapsular e proteger os antígenos da ação do suco gástrico. Com o uso de nanotubos de sílica – o segundo elemento mais presente na natureza –, os pesquisadores conseguiram que os antígenos da vacina de hepatite B atravessassem a barreira gástrica e chegassem intactos ao intestino. “Os nanotubos de sílica têm estrutura parecida com favos de mel, com poros onde é possível inserir e encapsular antígenos”, explicou Sant’Anna, que coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Toxinas.
(Ag. FAPESP)