Um estudo iniciado no Hospital do Câncer de São Paulo há três anos, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi padronizado e a partir de hoje se torna um procedimento de rotina nos hospitais brasileiros. Trata-se de um exame que quantifica a presença de citomegalovírus (CMV) - um vírus presente em todas as pessoas, mas que causa infecção em pacientes com baixa imunidade por causa de transplantes. O chamado teste de carga viral permitirá reduzir a rejeição e complicações em transplantes realizados no Brasil. O Hospital do Câncer investe anualmente R$ 2 milhões em pesquisas.
A presença desse vírus é a principal causa de rejeição nos transplantes de qualquer espécie. Com a metodologia sorológica habitualmente usada para o diagnóstico de CMV, 50% dos casos não tinham resposta terapêutica satisfatória em função de diagnóstico tardio - quando já havia grande número de partículas. "Pela nova metodologia molecular, o diagnóstico é mais rápido, garantindo que nenhum transplante seja perdido", afirma o presidente do Hospital do Câncer de São Paulo, Ricardo Brentani.
Outro projeto que está sendo desenvolvido pelo Hospital do Câncer é o exame de rastreamento genético oncológico. Ainda em estágio experimental, a intenção é transferir essa tecnologia quando isso for possível. A Fapesp criou em 2000 dez Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão, no projeto Cepid, e o Hospital do Câncer é um dos centros de excelência escolhidos pela fundação. O projeto prevê o desenvolvimento e a transferência da tecnologia para a comunidade.
O anúncio do novo teste consolida o acordo de transferência de tecnologia entre o Hospital do Câncer, o Instituto Ludwig e a empresa de exames clínicos Diagnósticos da América, permitindo que os exames sejam oferecidos no País a custos mais acessíveis.
A Diagnósticos da América reúne os laboratórios Delboni Auriemo, Lavoisier e Club DA em São Paulo, e Lâmina e Bronstein no Rio de Janeiro, entre outros, e realiza mais de 600 mil exames por dia. Há mais de ano foi feito um contrato de prestação de serviço para apoiar a análise clinica do Hospital do Câncer, incluindo pacientes do SUS no portifólio de clientes do laboratório, "Estava implícito no convênio o fato de que o hospital, por ser uma instituição de ensino e pesquisa, repassaria tecnologia desenvolvida experimentalmente para uso mais amplo, o quer repercutirá no atendimento ao paciente deste e de outros hospitais, já que o laboratório permite que mais pessoas tenham acesso à tecnologia", diz Brentani.
O exame até hoje só era realizado em caráter experimental no Hospital do Câncer. A partir de hoje será oferecido à população mediante parceria com a Diagnósticos da América. Com isso, o número de testes passará de cerca de 10 por ano para 120, e o tempo para a liberação do resultado cairá de um ano para semanas. O preço do procedimento também cairá à metade, com o ganho de escala.
Fundado em 1953, o Hospital do Câncer é o maior centro de pesquisa, tratamento e ensino da doença na América Latina. Realiza anualmente 560 mil atendimentos. Todos os 802 tipos descritos de tumor são tratados com índice de cura que atinge, em média, 67%. No caso de crianças, o percentual chega a 80%.
Notícia
Gazeta Mercantil