Notícia

Jornal Repórter Notícias

Teste com molécula reverte déficit cognitivo associado ao envelhecimento e à demência (39 notícias)

Publicado em 23 de maio de 2025

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e colaboradores da Universidade de São Paulo (USP) descobriram que uma molécula denominada hevina pode reverter o déficit cognitivo. O estudo, realizado em camundongos, mostrou que essa glicoproteína produzida por células cerebrais (astrócitos) é capaz de aumentar as conexões entre os neurônios (sinapses) em roedores envelhecidos (idosos) e em modelos experimentais da doença de Alzheimer.

“A hevina é uma molécula bem conhecida e envolvida na plasticidade neural. É naturalmente secretada por células do sistema nervoso central que dão suporte ao funcionamento dos neurônios e são conhecidas como astrócitos. Descobrimos que a superprodução de hevina é capaz de reverter os déficits cognitivos de animais envelhecidos por meio da melhora na qualidade das sinapses nesses roedores”, relata Flávia Alcantara Gomes, chefe do Laboratório de Neurobiologia Celular do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ.

O estudo, publicado na revista Aging Cell, teve apoio do Ministério da Saúde, da Fundação Carlos Chagas Filho de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da FAPESP.

É importante destacar que ainda existe um longo caminho até que uma molécula envolvida no processo de reversão do déficit cognitivo venha a se tornar um fármaco. Isso porque se trata de um estudo de ciência básica realizado em camundongos. Outro aspecto que deve ser levado em consideração é a necessidade de garantir que esse composto ultrapasse a barreira hematoencefálica (protetora do cérebro) – o que exigiria esforços em desenhar moléculas com essa característica e com o mesmo potencial terapêutico.

“É claro que, futuramente, será possível desenhar fármacos que tenham o efeito da hevina. Porém, por ora, o ganho fundamental deste trabalho está em entender mais profundamente os mecanismos celulares e moleculares da doença de Alzheimer e do processo de envelhecimento. A originalidade está em perceber o papel do astrócito nesse processo. Tiramos o foco dos neurônios, dando luz ao papel dos astrócitos, que, como mostramos, também pode ser um alvo para novas estratégias de tratamento para a doença de Alzheimer e o déficit cognitivo”, diz Gomes.