Pesquisa realizada no Instituto de Química da Unesp, em colaboração com a Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara, mostra a potencialidade de aplicação de compostos inéditos de paládio como agentes anti-tumorais.
Foram realizados testes biológicos em células tumorais cultivadas "in vitro", que mostram a eficácia dessas drogas para impedir o crescimento do tumor e a multiplicação das células cancerígenas. Conhecidos como ciclometalados, esses compostos são formados por paládio (metal) e moléculas orgânicas. Uma série de compostos inéditos foi sintetizada, caracterizada e submetida a testes biológicos.
O trabalho resultou na tese de doutorado de Eduardo Tonon de Almeida, professor da Universidade Católica de Brasília, sob a orientação do Prof.Dr. Antônio Eduardo Mauro, do Departamento de Química Geral e Inorgânica do IQ/Unesp, em colaboração com a Profa. Dra. Iracilda Zeppone Carlos, do Departamento de Análises Clínicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp de Araraquara. A tese será defendida hoje (17), às 14h30, na sala da Congregação do IQ/Unesp.
Tonon de Almeida vem trabalhando nessa linha de pesquisa desde 1997, quando defendeu a dissertação de mestrado no IQ/Unesp. Das experiências realizadas para o mestrado, foram elaborados artigos científicos publicados na Química Nova, importante revista brasileira de repercussão internacional. Com o objetivo de aprofundar esses estudos, foram feitos testes mais específicos para verificar a eficácia dessas drogas, com resultados altamente promissores.
Durante as experiências. Almeida verificou, por exemplo, a capacidade de atividade DN A reparadora dos compostos de paládio.
Em conjunto com a Profa. Dra. Iracilda, do Departamento de Análises Clínicas da FCF/Unesp, foram feitos testes inumológicos em camundongos, baseados em cultura de células macrófagos (células do sistema imunológico). responsáveis por parte da defesa do organismo. Essas células liberam mediadores químicos - água oxigenada (H2O2) e monóxido de nitrogênio (NO) - que sinalizam para o organismo a presença de elementos estranhos. Os testes mostraram que os compostos de paládio estimulam a liberação, em quantidades moderadas, de H2O2 e NO. "Os ciclometalados promoveram uma resposta favorável ao organismo", disse Almeida.
Os compostos de paládio já são estudados em centros de pesquisa no exterior, mas o grupo de Araraquara é o primeiro a se dedicar ao tema no Brasil. Após a defesa da tese de doutorado, as pesquisas devem continuar no Instituto de Química, especialmente na parte de modelagem molecular, testes na área de imunologia na Faculdade de Ciências Farmacêuticas e também na Universidade Católica de Brasília, onde Tonon de Almeida é professor.
A pesquisa de novos medicamentos é feita por etapas, e leva vários anos para ser concluída. "Um novo medicamento demanda pelo menos 10 anos de pesquisa. A síntese de uma possível droga é apenas o início do processo", comenta Almeida. A pesquisa vem sendo realizada com apoio da Capes, CNPq e Fapesp.
Notícia
A Folha (São Carlos, SP)