Notícia

Jornal da USP online

Terceiro dia do “USP Pensa Brasil” abordará justiça climática, educação ambiental e bioeconomia (1 notícias)

Publicado em 07 de agosto de 2024

Txai Suruí, Carlos Nobre, Carina Pimenta, Jacques Marcovitch, Mary Helena Allegretti, Patrícia Iglecias e Rachel Andriollo Trovarelli estão entre os participantes das atividades do terceiro dia do “USP Pensa Brasil”

Por Eliete Viana

Durante uma semana, de 12 a 16 de agosto, o Espaço Brasiliana sediará o evento USP Pensa Brasil 2024. Serão realizadas conferências, debates, seminários, lançamentos de livros e apresentações artísticas que abordarão o tema COP 30: Desafios para o Brasil. Na programação do dia 14, assuntos como justiça ambiental, educação ambiental e bioeconomia estarão no foco das discussões, que acontecerão no Auditório István Jancsó e na Livraria João Alexandre Barbosa do Espaço Brasiliana, localizado na Cidade Universitária.

As duas mesas do dia são promovidas em conjunto pelas Pró-Reitorias de Graduação e de Pós-Graduação da USP e debaterão c omo as universidades podem atuar em parceria com organizações públicas e privadas e com o terceiro setor para reduzir as injustiças socioambientais, promovendo transformações de territórios historicamente vulneráveis. Também discutirão a agenda ambiental para a educação, considerando a articulação entre a educação básica e superior e as políticas públicas para a responsabilidade socioambiental.

Às 14h, será realizada a mesa Mudanças Climáticas e Justiça Ambiental, que coloca em pauta o agravamento das desigualdades sociais em razão de fatores ambientais, especificamente, fatores ligados ao clima. A reflexão ocorrerá a partir da contribuição de participantes que atuam em áreas relacionadas à questão:

Patrícia Iglecias é superintendente de Gestão Ambiental da USP, professora da Faculdade de Direito (FD) da Universidade, codiretora do Escritório Regional do Pacto Global das Nações Unidas (Cidades do Brasil) e ex-secretária de Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo;

Carlos Nobre é pesquisador colaborador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, professor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), membro da Academia Brasileira de Ciência (ABC), coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas e presidente do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas;

Junior Aleixo é pesquisador do Grupo de Estudos sobre Mudanças Sociais, Agronegócio e Políticas Públicas (Gemap), coordenador de pesquisa e dados do Centro Brasileiro de Justiça Climática, o primeiro dedicado exclusivamente às populações negras e afrodescendentes no Brasil;

Rodrigo Gravina Junqueira é analista de Pesquisa Socioambiental do Instituto Socioambiental e tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia Rural.

Na mediação, o debate contará com a presença de Tadeu Malheiros, professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, na qual também é coordenador do Programa de Pós-Graduação em rede nacional de ensino em ciências ambientais.

Ao comentar sobre a programação do evento, o pró-reitor adjunto de Graduação, Marcos Garcia Neira, destacou a atuação conjunta das áreas de Graduação e de Pós-Graduação da Universidade na organização e reforçou a importância do tema que será abordado no USP Pensa Brasil 2024. “As questões socioambientais devem ser contempladas na formação de todos os cidadãos. É crucial que todos os cursos da USP assumam a responsabilidade com a reflexão crítica a respeito dessas questões que comprometem a vida no planeta, incorporando o estudo do assunto nos seus projetos pedagógicos”, afirmou Neira.

Às 16h30, será apresentada a segunda mesa, que abordará a Agenda Ambiental na Educação , indagando sobre um plano governamental que coloque em foco o papel da escola na formação de cidadãos ambientalmente conscientes. Os participantes serão:

Rosana Louro Silva, professora do Instituto de Biociências (IB) da USP, assessora do Núcleo de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de São Paulo e coordenadora do projeto de pesquisa Equidade e Sustentabilidade na articulação entre currículos, práticas pedagógicas e formação docente em escolas públicas paulistas;

Marcos Sorrentino, professor do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP e diretor do Departamento de Educação Ambiental e Cidadania da Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima;

Marília Torales Campos, membro da Comissão Científica do Observatório Nacional de Educação Ambiental (Portugal), professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde também atua como líder do Grupo de Pesquisa em Educação Ambiental e Cultura da Sustentabilidade, coordenadora adjunta da Rede Lusófona de Educação Ambiental e diretora do Centro de Educação Ambiental e Preservação do Patrimônio.

O debate contará com a mediação de Denise de La Corte Bacci, que é professora do Instituto de Geociências (IGc) da USP e pesquisadora do Laboratório de Pesquisa Governança Ambiental (GovAmb), do Grupo de Estudos e Pesquisas em Formação de Educadores e do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Geoturismo da USP.

Uma das responsáveis pela programação na Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG), Tania Pereira Christopoulos explica que o debate é uma oportunidade para “a PRPG lançar mão da competência de seus programas de pós-graduação para participar do debate sobre o País e contribuir com reflexões e propostas para a sustentabilidade, originadas no seu corpo docente e discente”. Tania também é professora do curso de Marketing da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP e coordenadora do Programa de Mestrado e Doutorado em Sustentabilidade.

Bioeconomia para quem?

Às 18h30, o ex-reitor da USP e professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, Jacques Marcovitch, juntamente com o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Adalberto Val, apresentarão o livro Bioeconomia para quem? Bases para um desenvolvimento sustentável na Amazônia

Dividido em cinco partes que se voltam aos diferentes setores de atividades desenvolvidas na Amazônia e suas dimensões sociais, o livro é composto de 12 ensaios que refletem sobre quem seriam os beneficiados com a bioeconomia desenvolvida na maior floresta tropical do planeta. O texto que finaliza a obra apresenta uma questão de ouro para as discussões sobre o clima: “Como salvar vidas e conservar a natureza?”.

Os textos foram escritos por mais de trinta acadêmicos que uniram seus conhecimentos no projeto de pesquisa Bioeconomia: estudo das cadeias de valor na Amazônia , apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) Os organizadores integram a equipe de pesquisadores do projeto e estão envolvidos com estudos e iniciativas na área do clima e meio ambiente. Desde 2002, Jacques Marcovitch pesquisa as políticas de implantação da Convenção do Clima, com ênfase na redução dos gases de efeito estufa na atmosfera. Já Adalberto Val é biólogo, estudioso das adaptações biológicas relativas às mudanças ambientais e membro do Inpa, desde 1981.

Publicado pela Editora Com-Arte, o livro foi lançado em junho deste ano em um evento na Universidade Federal do Pará e está disponível no Portal de Livros Abertos da USP

A temática da bioeconomia volta a ser discutida às 19h30, no seminário Bioeconomia e Sustentabilidade , que deve apresentar experiências e políticas de inclusão social e sustentabilidade. Ao tratar as áreas a serem protegidas como espaços de interação entre a natureza e a sociedade, a preservação e a inclusão social podem ser associadas, por meio de oportunidades de atividades sustentáveis que atendam às comunidades locais, como alternativas aos negócios extrativistas. Jacques Marcovitch é um dos participantes e terá a companhia de Carina Pimenta, secretária nacional de Bioeconomia, que se dedicou à construção de novas soluções e alianças nas áreas de finanças de impacto socioambiental, desenvolvimento de negócios comunitários e acesso a mercado; Mary Helena Allegretti, presidente do Instituto de Estudos Amazônicos, que é reconhecida por sua atuação em defesa da Amazônia e dos direitos das populações tradicionais e foi pioneira na criação de reservas extrativistas, tendo trabalhado ao lado de Chico Mendes e outros líderes seringueiros; e Txai Suruí, uma ativista indígena brasileira do povo Paiter-Suruí, conhecida por sua atuação na defesa dos direitos indígenas e na preservação da Amazônia, fundadora do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia e uma voz destacada em fóruns nacionais e internacionais sobre questões ambientais e de direitos humanos.

A mediação será feita por Herton Escobar, repórter especial do Jornal da USP , que é especializado em Ciência e Meio Ambiente. Escobar foi repórter do jornal O Estado de S. Paulo , de 2000 a 2018, e publicou mais de 2 mil reportagens sobre uma grande variedade de temas ligados à ciência, tecnologia, inovação e políticas científicas e ambientais.

O Espírito da TV

Antes do seminário, haverá a exibição do documentário O Espírito da TV, que apresenta a reação do grupo indígena Waiãpi ao se ver na televisão. Os Waiãpi só entraram em contato com o homem branco em 1973, durante a construção da rodovia Perimetral-Norte no Amapá.

O documentário de 18 minutos é resultado do projeto Vídeo nas Aldeias , financiado pela ONG Centro de Trabalho Indigenista com o objetivo de fortalecer as culturas e identidades indígenas e registrar os instantes de confrontações entre os modos de pensar e viver dos povos tradicionais. Participaram do projeto o cineasta e indigenista Vincent Carelli, junto com Virgínia Valadão e outros antropólogos. O documentário foi roteirizado por Dominique Gallois, antropóloga belga especialista no povo Wajãpi e professora do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

O projeto Vídeo nas Aldeias posteriormente se transformou em uma ONG que promove o ensino da produção cinematográfica em comunidades indígenas. É fomentada pelo Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura do Brasil

Universidade como participante e uma interlocutora

Esta é a terceira edição do USP Pensa Brasil, que, desde a sua primeira edição, realizada em 2022, procura tornar a Universidade uma participante e uma interlocutora mais ativa das questões fundamentais do nosso País e do mundo. A iniciativa é da Vice-Reitoria da USP, por meio da coordenadora-geral do evento, a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda, e conta com o apoio das Pró-Reitorias, museus e institutos da Universidade. Todas as atividades são gratuitas, abertas aos interessados em geral e fornecem certificados de participação aos inscritos. A programação completa do evento e mais informações estão disponíveis no site do USP Pensa Brasil