Um tratamento analgésico comum na fisioterapia para alívio de dores em músculos e articulações, a laserterapia de baixa intensidade tem se mostrado promissora para uso em consultórios odontológicos. Uma nova pesquisa, ainda inédita, explica o mecanismo de ação da terapia em nervos orofaciais e mostra que os efeitos são otimizados pela ingestão de vitaminas do complexo B. Os resultados serão apresentados na XXXIV Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), que acontece de 09 a 13 de setembro, em Campos do Jordão, pelo pesquisador Daniel de Oliveira Martins, pós-doutorando pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).
O manejo da dor provocada por lesões em nervos é um desafio comum aos dentistas, já que os tratamentos analgésicos tradicionais são geralmente insuficientes e possuem muitos efeitos colaterais. Por isso, a laserterapia de baixa intensidade, também conhecida como fotobiomodulação, tem sido difundida como uma alternativa contra esse tipo de dor.
“O que buscamos em nossa pesquisa é entender melhor o processo pelo qual o laser e as vitaminas agem para induzir esses efeitos e como podemos melhorar os protocolos de tratamento já existentes”, explica Martins.
A equipe avaliou o efeito dessa terapia em modelos animais de injúrias a nervos orofaciais, que são comuns em vários procedimentos de rotina odontológicos, especialmente na remoção de molares. Em modelos animais de injúrias ao nervo alveolar inferior, eles observaram que a terapia diminuiu a produção de moléculas relacionadas com a sensibilidade à dor diretamente no sistema nervoso sensorial, além de restaurar significativamente a estrutura do nervo danificado.
Já no modelo de lesão do nervo infraorbital, o pesquisador testou a associação da laserterapia de baixa intensidade com a administração de um coquetel de vitaminas do complexo B (B1, B6 e B12). Os resultados mostram que a suplementação melhora o efeito da terapia, em especial proporcionando a aceleração do processo regenerativo após a lesão nervosa, com maior expressão de marcadores para regeneração do nervo. Os ratos também mostraram uma grande melhora comportamental de resposta à dor.
“Essa combinação produziu uma interação funcional sinérgica e produziu uma redução completa da dor nesses animais mais cedo”, explicou Martins. “Esses dados sugerem um papel potencial das vitaminas do complexo B na regulação da plasticidade sináptica e da excitabilidade neuronal, contribuindo para um alívio eficiente da dor orofacial.”
O pesquisador acrescenta que já existem vários estudos clínicos em andamento sobre aplicações da laserterapia de baixa intensidade e que em breve sua equipe iniciará um estudo com pacientes que sofrem de Disfunção Temporomandibular, uma condição comum que provoca dores nas articulações do maxilar. O pesquisador acredita que a metodologia proposta por seu grupo pode contribuir para melhorar a condição de vida desses pacientes. “A fotobiomodulação é um tratamento não invasivo, terapeuticamente benéfico e promove uma ampla gama de efeitos biológicos, que pode diminuir significativamente o uso de medicamentos, os quais, quase sempre, causam efeitos adversos nos pacientes”. A pesquisa recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, dentre outras agências.