Os estudos clínicos sobre o uso de CAR-T Cell (ou células CAR T) para tratar linfoma e leucemia linfoide aguda devem abrir fronteiras no combate a outros tipos de câncer e para desenvolver o complexo industrial no Brasil, especialmente na área de biotecnologia. Assim esperam os pesquisadores, que preveem incorporar o tratamento ao Sistema Único de Saúde (SUS) em dois anos.
O plano é criar a infraestrutura para o tratamento — que tem aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) —, qualificar mão de obra altamente especializada e atrair empresas, diz o diretor do Hemocentro de Ribeirão Preto e professor de hematologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), Rodrigo Calado:
“Estabelecendo essa infraestrutura, pessoal altamente qualificado, pessoas que tenham esse know how, trazendo cientistas, atraindo essas pessoas, médicos e pequenas empresas, como startups, que possam trabalhar nesse sentido e que pode fomentar uma parte da indústria de biotecnologia, que é altamente competitiva no mundo inteiro. Isso pode trazer essa perspectiva de fomento à indústria biotecnológica para desenvolver outros tratamentos”, afirmou ao JOTA.
A previsão do médico é de que o tratamento com células CAR-T desenvolvido no Brasil custe de 10% a 15% do que a versão importada. A redução do preço e a produção nacional facilitariam a disponibilização à rede pública.
Para chegar aos hospitais públicos, é preciso ser aprovado pelo Ministério da Saúde após recomendação favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). “Estamos trabalhando para que o SUS possa oferecer aos pacientes ou de outra forma não será incorporado”, completa Calado.
O perfil de pacientes do estudo, em fase 1 e 2, é de adultos com linfoma e de crianças e adultos de até 35 anos com leucemia linfoide aguda. Serão 75 voluntários, que começarão a ser selecionados em maio e junho.
Além do Hemocentro e da USP, o Instituto Butantan também participa do projeto