Tempo de proteção, melhor modelo, camadas e respirabilidade: o que a ciência sabe sobre máscaras
SÃO PAULO — Após quase dois anos de pandemia, diversos estudos comprovam a eficácia das máscaras não só contra o SARS-CoV-2, causador da Covid-19, mas também contra outros agentes infecciosos, como o vírus H3N2, que provocou recente surto de gripe em vários estados brasileiros.
Artigo da Revista Pesquisa FAPESP levanta os principais estudos sobre os diversos modelos de máscaras. O mais recente, divulgado em dezembro pelo Instituto Max Planck, na Alemanha, comprova seu papel de escudos antivírus: uma pessoa não vacinada a três metros de distância de outra com o coronavírus leva menos de cinco minutos para ser infectada. Se ambas estivessem usando máscaras PFF2 — conhecidas em outros países como N95 —, a chance de contágio após 20 minutos seria de apenas 0,1%. O estudo alemão mostra ainda que os modelos PFF2 conferem proteção 75 vezes superior às máscaras cirúrgicas.
Outro estudo citado pela revista da FAPESP é do grupo do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, que avaliou 227 diferentes máscaras — desde as feitas com tecnologia de ponta, como PFF2/N95, até as costuradas em casa. A pesquisa verificou a capacidade de filtrar partículas (que impede o vírus de ser expelido ou respirado) e a respirabilidade das máscaras (que mede quanto elas facilitam ou dificultam a passagem do ar). Os dois valores combinados produzem um fator de qualidade para cada modelo.
Considerando somente a filtração, as máscaras que mais se destacaram foram as PFF2/N95, barrando a passagem de 98% das partículas. As máscaras cirúrgicas apresentaram 89% de capacidade de filtragem e as de TNT (tecido não tecido, material obtido por meio de uma liga de fibras e um polímero) com três camadas filtraram 78% das partículas. Máscaras de algodão apresentaram menor retenção de partículas (entre 20% e 60%) porque a trama do tecido deixa mais espaço entre os fios. Se houver costura nessas máscaras, aumenta ainda mais o risco de passagem de partículas que carregam o vírus.