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Planeta Sustentável

TEDxSP: mudando o mundo a cada 15 minutos

Publicado em 16 novembro 2009

São Paulo foi palco da primeira edição brasileira independente de um dos mais prestigiados eventos de conhecimento do mundo, o TED. Com o slogan "O que o Brasil tem a oferecer ao mundo agora?", o evento demonstrou que temos muito! Os palestrantes exemplificaram que devemos aproveitar o momento positivo pelo qual passamos para explorar ainda mais as singularidades que fazem do Brasil um país único

Para quem não conhece, o TED - Technology, Entertainment and Design é uma das conferências mais concorridas do mundo, interessantes e inspiradoras - e, também, uma das mais caras. O slogan "Ideas worth spreading" (Ideias que valem ser espalhadas, em tradução livre) demonstra o foco das palestras: são ideias, das mais diversas áreas, que são interessantes para o mundo. São inovações, algo que altere a forma que vivemos, apresentadas em apenas 15 minutos - sem longos discursos intermináveis de duas horas que dão sono. Tudo muito rápido, instigante e revelador.

O comprometimento com o conhecimento pode ser visto pelo imenso banco de dados de palestras que eles disponibilizam em seu site. Não interessa se a pessoa é famosa ou um mero desconhecido. O que importa é o conteúdo e como inspirar o mundo. Elizabeth Gilbert, por exemplo, autora do livro "Comer, Amar e Rezar", não discursa sobre o que é o seu livro, mas sim como trabalhar com a inspiração como força motora. Rebecca Saxe, cientista do MIT, mostra como entendemos e sentimos os outros a nossa volta. Ao lado das duas, Richard Dawkins, famoso cientista, discursa sobre o ateísmo e como todos os que descrêem de Deus devem se unir contra a infiltração da igreja na política e na ciência.

No sábado, São Paulo foi palco da primeira edição independente da conferência em terras brasileiras, o TEDxSP. O que motivou a seleção para as palestras - e para o público - foi a pergunta "O que o Brasil tem a oferecer ao mundo agora?". E, como demonstraram os palestrantes, tem bastante! Inclusive ser referência quando o assunto é bioinformática.

Foram um pouco mais de 12 horas de evento (das 7h30 às 20h), com cerca de 30 palestrantes mostrando o que pesquisaram nos últimos anos. No meio dessa maratona toda, intervalos para que o público pudesse se conhecer melhor e fazer network, já que todos ali dividem um foco em comum: de alguma forma, estão batalhando para melhorar o Brasil não de agora, mas do futuro.

Para participar do evento - que, diferente do oficial, é gratuito -, era preciso preencher um questionário e convencer a organização de que você oferece algo importante para o país. E pela quantidade de pessoas que lotaram os três andares do Teatro da Móoca, muita gente está enriquecendo o Brasil com conhecimento, inclusive o artista Jean Paul Ganem, que fará um projeto social com paisagem na Barra Funda, e que estava lá para acompanhar as exposições de ideias.

Alguns dos expositores, para dar ideia do nível das discussões, foram Ronaldo Lemos, diretor de tecnologia e sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas e do Creative Commons Brasil, que contou sobre o ritmo tecnobrega, comum no norte do país e que modificou o modelo de negócio da música; Fabio Barbosa, presidente do grupo Santander Brasil, que implantou a estratégia de sustentabilidade do Banco Real em 2000; e Paulo Saldiva, cientista militante, que pesquisa os impactos da poluição urbana na saúde dos cidadãos.

O pesquisador de Engenharia de Software, Silvio Meira, palestrou sobre como não se pode fugir das redes em uma sociedade conectada. Para ele, pegando emprestada a teoria evolucionista de Charles Darwin, quem não se adaptar ao novo formato de redes, será extinto. Por quê? Simples: "redes sociais são o futuro, pois sempre vivemos assim". A informática tomou tanto espaço em nossa sociedade que, para Meira, estamos caminhando para a "informaticidade", ou seja, a informática sendo tão comum quanto a própria eletricidade.

Essa ubiquidade dos produtos eletrônicos suscita uma questão que abriu uma outra palestra: o que pode ser considerado popular? A atriz Regina Casé, conhecida do grande público por sua participação no programa TV Pirata e outros que exploram a cultura brasileira, exemplificou a deturpação deste conceito com a cultura que emerge nas periferias não só do Brasil, mas do mundo. "A grande mídia tem um certo nojinho e acha que isso não é cultura, muito menos popular. E há a expectativa que eles parem de produzir e seja oferecida uma coisa mais chique - o que, na minha opinião, é preconceituoso e ingênuo", comentou Regina sobre a produção de música nas periferias, como o funk, tecnobrega e o kunduru (ritmo angolano).

Enquanto na música já somos referência, o Brasil caminha para ser uma potência em uma ciência considerada só para países do hemisfério norte: a bioinformática. Sandro José de Souza, especialista no assunto, mostrou que o país tem o necessário para desenvolver pesquisas de ponta. Uma delas, financiada pela FAPESP, estava entre as três mais importantes do mundo, para decodificar o genoma de uma bactéria que assolava as plantações de laranja. O que surpreende neste cenário é que enquanto as outras duas pesquisas mais importantes tinham orçamentos maiores do que US$ 50 milhões, a brasileira tinha um pouco mais do que US$ 7 milhões e contava com a participação de centenas de cientistas. Se isso não é colaboração e inovação (já que se precisa inovar bastante para conseguir resultados significantes com orçamento curto), ninguém sabe o que é.

A conclusão de todo o evento é que há, de modo geral, uma auto-estima muito favorável às possibilidades do Brasil. Os palestrantes demonstraram por A mais B que devemos aproveitar este momento positivo para explorar ainda mais as singularidades que fazem do Brasil um local único. O bordão dito pelo presidente francês Charles de Gaulle "o Brasil não é um país sério", que nos assola há anos, pelo visto, está para ser mudado. E como diz Cláudio Prado, ex-coordenador de políticas digitais do MinC, realmente, o Brasil não é um país sério, é um país feliz.

TED - Technology, Entertainment and Design / TEDxSP

Para quem não conhece, o TED - Technology, Entertainment and Design é uma das conferências mais concorridas do mundo, interessantes e inspiradoras - e, também, uma das mais caras. O slogan "Ideas worth spreading" (Ideias que valem ser espalhadas, em tradução livre) demonstra o foco das palestras: são ideias, das mais diversas áreas, que são interessantes para o mundo. São inovações, algo que altere a forma que vivemos, apresentadas em apenas 15 minutos - sem longos discursos intermináveis de duas horas que dão sono. Tudo muito rápido, instigante e revelador.

O comprometimento com o conhecimento pode ser visto pelo imenso banco de dados de palestras que eles disponibilizam em seu site. Não interessa se a pessoa é famosa ou um mero desconhecido. O que importa é o conteúdo e como inspirar o mundo. Elizabeth Gilbert, por exemplo, autora do livro "Comer, Amar e Rezar", não discursa sobre o que é o seu livro, mas sim como trabalhar com a inspiração como força motora. Rebecca Saxe, cientista do MIT, mostra como entendemos e sentimos os outros a nossa volta. Ao lado das duas, Richard Dawkins, famoso cientista, discursa sobre o ateísmo e como todos os que descrêem de Deus devem se unir contra a infiltração da igreja na política e na ciência.

No sábado, São Paulo foi palco da primeira edição independente da conferência em terras brasileiras, o TEDxSP. O que motivou a seleção para as palestras - e para o público - foi a pergunta "O que o Brasil tem a oferecer ao mundo agora?". E, como demonstraram os palestrantes, tem bastante! Inclusive ser referência quando o assunto é bioinformática.

Foram um pouco mais de 12 horas de evento (das 7h30 às 20h), com cerca de 30 palestrantes mostrando o que pesquisaram nos últimos anos. No meio dessa maratona toda, intervalos para que o público pudesse se conhecer melhor e fazer network, já que todos ali dividem um foco em comum: de alguma forma, estão batalhando para melhorar o Brasil não de agora, mas do futuro.

Para participar do evento - que, diferente do oficial, é gratuito -, era preciso preencher um questionário e convencer a organização de que você oferece algo importante para o país. E pela quantidade de pessoas que lotaram os três andares do Teatro da Móoca, muita gente está enriquecendo o Brasil com conhecimento, inclusive o artista Jean Paul Ganem, que fará um projeto social com paisagem na Barra Funda, e que estava lá para acompanhar as exposições de ideias.

Alguns dos expositores, para dar ideia do nível das discussões, foram Ronaldo Lemos, diretor de tecnologia e sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas e do Creative Commons Brasil, que contou sobre o ritmo tecnobrega, comum no norte do país e que modificou o modelo de negócio da música; Fabio Barbosa, presidente do grupo Santander Brasil, que implantou a estratégia de sustentabilidade do Banco Real em 2000; e Paulo Saldiva, cientista militante, que pesquisa os impactos da poluição urbana na saúde dos cidadãos.