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• Produtores de amendoim, batata e batata-doce enfrentam desafios na colheita subterrânea.
• Pesquisadores criaram modelos que estimam maturidade com mais de 90% de precisão.
• Drones com radar miniaturizado mapeiam umidade do solo, otimizando irrigação.
• Tecnologias visam reduzir emissões de CO2 e aumentar a eficiência agrícola.
• Projetos europeus buscam soluções semelhantes para gestão hídrica na agricultura.
Os produtores de amendoim, batata e batata-doce enfrentam dificuldades para determinar o momento ideal da colheita e a qualidade de suas lavouras, uma vez que essas culturas se desenvolvem subterraneamente. Rouverson Pereira da Silva, professor da Unesp, explica que, para colher o amendoim, é necessário que 70% das vagens estejam maduras, o que exige a operação de arranquio, que mobiliza o solo e emite CO2. Pesquisadores têm desenvolvido modelos computacionais utilizando tecnologias de sensoriamento remoto, que analisam a saúde das folhas das plantas, permitindo estimar a maturidade e o rendimento das culturas sem a necessidade de arranquio.
Durante a FAPESP Week Spain, Silva apresentou resultados que mostram que os modelos podem estimar a maturidade do amendoim com mais de 90% de precisão. Além disso, a tecnologia permite regular as máquinas agrícolas para otimizar a colheita e reduzir perdas. A análise é feita a partir da reflectância das folhas, que indica a sanidade da planta, sendo que folhas saudáveis refletem a energia solar de maneira diferente. O projeto ainda está em fase de transferência de tecnologia, um processo que demanda tempo devido à necessidade de coleta de dados em campo.
Outro projeto, desenvolvido por pesquisadores da Feagri-Unicamp, utiliza um sistema de radar miniaturizado em drones para mapear a umidade do solo em plantações de cana-de-açúcar. A tecnologia, financiada pela FAPESP e em parceria com a IBM Brasil, permite estimar a quantidade de água disponível no solo com precisão superior a 90%. Barbara Janet Teruel Medeiros, professora da Feagri, destaca que a previsão da produtividade e a melhor data para colheita são possíveis por meio desse sistema, que também possibilita a implementação de irrigação com taxa variável, economizando água.
Na Europa, projetos semelhantes buscam soluções tecnológicas para a agricultura digital. O projeto DATI, que envolve pesquisadores de vários países, visa reduzir o consumo de água em 15% a 20% em comparação com sistemas tradicionais. Outro projeto, liderado pelo CSIC, foca na eficiência do uso da água em pastagens e culturas de cereais. Irene Borra, pesquisadora do ICA, ressalta a importância de tratar áreas agrícolas de forma específica, utilizando análises de imagens para identificar estresse hídrico em videiras, permitindo um gerenciamento mais eficaz dos recursos hídricos.