Empresas de tecnologia da informação elaboram estratégias para ajudar corporações convencionais a enfrentarem a crise. Com a chamada venda de soluções, elas próprias driblam a turbulência
Em tempos de aperto, reduzir custos vira quase obsessão. As empresas especializadas em tecnologia da informação aproveitam o mote para oferecer enxugamento nos gastos em áreas como gerenciamento de dados e até de estoques, deixando seus clientes focados no que nasceram para fazer: vender ou fabricar produtos ou serviços. Enquanto geram economia, por um lado, as vendedoras de soluções faturam milhões e projetam alta mesmo em ano de crise.
O Grupo TCI, nascido em Pernambuco e hoje com sede em São Paulo, faturou R$ 122 milhões no ano passado. Para 2009, são esperados R$ 196 milhões, um crescimento de 60%. O negócio da TCI é aprender sobre a atividade do cliente e, mais do que produzir um relatório, executar ela mesma as alterações necessárias ao aumento da eficiência de seu cliente.
“Quando vamos nos apresentar, a primeira coisa que fazemos é quebrar o paradigma de produto ou serviço”, explica Fábio Fischer, responsável pela área de Negócios da TCI. O grupo trabalha com o Business Process Outsourcing (BPO), conceito ainda novo no Brasil. Ao contrário do outsourcing convencional, que basicamente é terceirização, no BPO são assumidas partes inteiras da empresa do cliente. A TCI faz, por exemplo, o gerenciamento de toda a cadeia logística de medicamentos ou cuida de todos os documentos de seus clientes, fazendo inclusive armazenamento e digitalização.
“Vamos supor que um cliente tenha custo fixo de R$ 1 milhão por mês com uma área, mesmo sem uso. Nós assumimos esse processo e cobramos R$ 10 por demanda”, exemplifica Fábio. A TCI conta com 3.200 funcionários, a maior parte espalhada pelo Brasil, integrada a seus clientes em Pernambuco, Bahia, Goiás, Paraná, Rio de Janeiro e Brasília. O grupo atende órgãos públicos, instituições financeiras, mercado corporativo e saúde.
A Pitang Consultoria e Sistemas, recifense, é fruto de parceria entre o Cesar e o Rio Bravo Nordeste I, fundo de investimento administrado pela Rio Bravo. Desde 2006, seu faturamento tem crescido R$ 1 milhão ao ano, de acordo com o diretor de Negócios da Pitang, Roberto Borges. A alta estimada para 2009 é da mesma ordem. Com isso, a empresa deve chegar a R$ 18 milhões. A Pitang reúne 180 funcionários e acumula em seu portifólio clientes em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba e Ceará, além da Europa e Estados Unidos.
A empresa busca conhecer o negócio do cliente e integra desde a fabricação de software e outsourcing a soluções desenvolvidas para cada atendimento específico. Um dos casos apresentados pela empresa é o da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que utiliza um programa criado pela pernambucana para gerenciar R$ 450 milhões em projetos – são 60 mil analisados, em carteira, e 10 mil em execução. “É uma base gigantesca de dados”, afirma Roberto Borges. A companhia também pode assumir toda a área de tecnologia da informação do cliente.