A experiência que está sendo desenvolvida pelo Laboratório de Cristalografia de Proteínas do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo, é feita através da tecnologia de planejamento de novos fármacos baseada em estruturas de proteínas-alvo. Com ela, procura-se uma molécula de um composto que se encaixe especificamente em uma macromolécula receptora do parasita ou célula doente, de forma a inutilizá-la funcionalmente.
"Podemos procurar esse fármaco de forma cega, por tentativa ou erro, como se fazia antigamente, mas agora, com a cristalografia, é possível desenhar compostos que se encaixem exatamente na estrutura estudada", explica o professor Glaucius Oliva, coordenador do laboratório. Um exemplo de recente uso dessa tecnologia foi o processo de descoberta da última geração de drogas anti-Aids, os chamados inibidores de protease - proteína essencial para a replicação do vírus HIV.
A tecnologia é multidisciplinar. Uma vez identificada a doença-alvo e o parasita ou fator genético-molecular que a causa é preciso o trabalho de diversos pesquisadores de diferentes especialidades. São eles:
- especialistas em ciências biológicas - fundamentais na identificação da proteína-alvo para inibição. Técnicas de bioquímica e biologia molecular devem ser extensivamente usadas na purificação da proteína, sua clonagem e purificação em larga escala;
- especialistas em cristalografia de proteínas - devem buscar a cristalização da proteína-alvo e de seus complexos com potenciais inibidores. Nesse ponto, é possível usar os recursos da cristalização em ambiente de microgravidade que podem ser fundamentais para obter melhor resolução da imagem e assim permitir um desenho de drogas com maior chance de acerto;
- especialistas em modelagem molecular de fármacos - a partir da proteína-alvo, devem buscar compostos já existentes ou desenhados de novo que se ajustem com complementariedade à proteína-alvo;
- químicos sintéticos e de produtos naturais - sintetizam ou obtêm compostos que venham a ser desenhados;
- especialistas em ensaios farmacológicos - conduzem todas as fases necessárias para a avaliação de uma nova droga: testes de eficácia in vitro, testes de eficácia in vivo etc. (F.L)
Notícia
Gazeta Mercantil