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Jornal da USP

Tecnologia para melhorar o cotidiano (1 notícias)

Publicado em 06 de fevereiro de 2011

Evitar ou minimizar os prejuízos causados por enchentes, desmatamentos e poluição, utilizando tecnologias como cloud computing, redes sem fio e redes mesh. Trocar informações e aprendizado sobre temas como esses foi a principal contribuição oriunda da visita do professor Torsten Braun ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos.

Cloud computing, ou computação em nuvem, refere-se à utilização da memória e das capacidades de armazenamento de computadores e servidores compartilhados e interligados por meio da internet. Redes mesh, ou malha, correspondem a diversas tecnologias que permitem o estabelecimento de uma rede utilizando-se de uma série de tipos de equipamentos com a função de roteador-repetidor.

O alemão Braun, pesquisador da área de redes sem fio, é diretor do Instituto de Computação e Matemática Aplicada da Universidade de Berna, na Suíça, e esteve no ICMC de 29 de novembro a 17 de dezembro do ano passado. A visita foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e acompanhada pelo professor Jo Ueyama, do ICMC.

Enchentes - A troca de conhecimentos propiciada pela vinda do professor permitiu o uso do detector de enchentes pela internet. O detector é um protótipo de uma rede de sensores sem fio (RSF) que prevê a ocorrência de enchentes e foi criado pelo projeto Rede de Sensores para Detecção de Enchentes (REde), formado por professores do ICMC e da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.

De acordo com Ueyama, "os dados de monitoramento de rios, como pressão da água e nível de poluição, poderão ser enviados a um banco de dados acessíveis pela internet". Inicialmente os dados eram transmitidos por celular.

Braun também apresentou os benefícios da central de testes wisebed (wireless sensor network test bed) aos pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC), mais especificamente aos da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) que atuam na área de redes de sensores sem fio.

Esse projeto europeu envolve nove instituições de países como Inglaterra, Alemanha, Espanha, Holanda, Suíça e Grécia, tendo como intuito prover uma área de testes pública para que pesquisadores de redes de sensores sem fio possam fazer testes de performance, analisando qualitativa e quantitativamente os protótipos desenvolvidos, de forma que possam criar padrões de qualidade.

Desenvolvimento - Braun também conheceu trabalhos como o do professor Onofre Trindade Júnior, do ICMC, sobre veículos aéreos não-tripulados, esteve com pós-graduandos e falou aos pesquisadores do INCT-SEC sobre mecanismos inovadores de localização de robôs sem uso de GPS.

O professor também ministrou palestras e realizou visitas à Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Braun ainda encontrou fôlego para participar da 28- Volta USP, correndo o trajeto de cinco quilômetros, e elogiou a organização do evento promovido pelo Centro de Educação Física, Esportes e Recreação do Campus de São Carlos.

Durante sua permanência, Torsten Braun teve contato com diversos estudantes e afirmou que "o aluno do Brasil não tem diferença do europeu" no que se refere ao comprometimento acadêmico e no desenvolvimento da área de pesquisas. Eduardo Cerqueira, da Universidade Federal do Pará (UFPA), que escreve artigos em parceria com Braun e Ueyama, enfatiza que a visita "permitirá o desenvolvimento de novos projetos a partir de ideias surgidas durante conversas entre o professor alemão e os estudantes". Para Jo Ueyama, esses intercâmbios podem produzir bons resultados no desenvolvimento científico e fortalecem a internacionalização da USP.