A tecnologia é uma força incessante que cria e destrói impiedosamente. Como prova, não é preciso ir além da indústria petrolífera em decadência e a Internet em grande expansão. O colosso que dominava o mundo — aí grandes empresas petrolíferas —está encolhendo. E o que nem mesmo existia para a maioria das pessoas há apenas uma década, a Internet, está explodindo com novas companhias e novas oportunidades. A descrição do capitalismo por Schumpeter como "destruição criativa" é correta. Mas não vai suficientemente longe. A tecnologia funciona modificando as próprias regras do jogo econômico.
Veja o caso da indústria petrolífera norte-americana. Desde os tempos da Standard Oil, truste de John D. Rockefeller, até os gloriosos dias das Sete Irmãs, a capacidade do setor de exercer controle sobre um recurso crucial e finito permitiu que ela acumulasse enorme riqueza e poder. Mas a tecnologia está mudando tudo isso ao expandir as reservas mundiais enquanto torna as refinarias muito mais eficientes. O resultado? A escassez de petróleo dos anos 70 foi substituída pela abundância nos anos 90. E, ao mesmo tempo que a recessão na Ásia reduziu a demanda, a tecnologia provavelmente tornará o petróleo abundante durante décadas ainda. Maior oferta, mais eficiência e preços mais baixos significam apenas uma coisa: a consolidação. A fusão da Exxon com a Mobil é a mais recente de uma série que reduziu as Sete Irmãs para quatro. A preocupação das autoridades de Washington com a recomposição do velho truste de Rockefeller é legítima. Mas a tecnologia pode estar mudando as velhas equações antitruste.
Em parte alguma as regras econômicas mudaram com tanta rapidez, em virtude da tecnologia, como na Internet. No passado as barreiras ao ingresso nos setores de petróleo, siderurgia, automóveis e telefones eram extremamente elevadas. Os novos participantes precisavam de um volume enorme de capital para montar empresas suficientemente grandes para conquistar posições importantes de mercado e gerar grandes lucros. Ou então recebiam monopólios sancionados pelo governo.
Na Internet isso não acontece. Pouco capital é necessário para iniciar um "site" ou serviço. A concorrência é aberta, acirrada e incessante. A eficiência do mercado é bem mais elevada na realidade virtual do que no shopping center. Como conseqüência, é difícil obter lucros. As margens são extremamente reduzidas, quando existem. Uma empresa como a Amazon.com tem uma capitalização de mercado de US$ 11 bilhões sem obter lucro. A tecnologia também teria alterado as regras de avaliação financeira? Assim parece à primeira vista. Os investidores estão dispostos a apostar em uma recompensa daqui a 15 anos.
As únicas certezas sobre a mudança tecnológica são de que ela é constante, penosa e positiva para o crescimento econômico. Ao longo do caminho ela rompe as regras estabelecidas para praticamente todo o resto.
Notícia
Gazeta Mercantil