A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) já conta com uma estrutura tecnológica capaz de receber imagens meteorológicas de alta definição, estratégicas para o monitoramento da agricultura e a preservação ambiental. Com a instalação de uma antena especial, a universidade é a primeira do Brasil a ter acesso às imagens captadas pelo avançadíssimo satélite norte-americano GOES-16.
Os técnicos do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri/Unicamp) — um dos mais importantes centros brasileiros de pesquisas científicas voltadas à agricultura — podem analisar informações detalhadas sobre superfície, atmosfera, ventos e raios solares.
A instalação da antena exigiu investimentos da ordem de R$ 1 milhão. Os recursos vieram da Fapesp e do Finep, fundações que financiam projetos de pesquisa. O equipamento, de duas toneladas, tem 4,5 metros de diâmetro e entrou em operação em novembro. A fabricante da antena é a Enterprise Electronics Corporation (ECC), dos Estados Unidos.
“As informações meteorológicas chegam em um período de tempo mais curto, com melhor resolução. Podemos fazer a previsão do tempo de maneira precisa e rápida”, afirma a engenheira cartógrafa Renata Ribeiro do Valle Gonçalves, diretora do Cepagri. “O grande diferencial é que temos imagens, a cada 15 minutos, de convecção de nuvens, precipitação, índices de vegetação, temperatura de superfície e focos de incêndio”, completa.
Com a disponibilidade dos dados, são beneficiados os moradores do campo ou da cidade. Assim como o lavrador pode ordenar suas atividades na roça, os ambientalistas podem descobrir ações de degradação ambiental na cidade, e os técnicos da Defesa Civil podem fazer ações preventivas contra temporais.
Modernidade
O Cepagri faz estudos meteorológicos há 33 anos. Mas, com o GOES-16, a abordagem meteorológica mudou de vez. As imagens captadas antes demoravam até uma hora para chegar.
E a resolução é muito melhor. O engenheiro da computação Bruno Veloso, técnico de informática encarregado da montagem da infraestrutura e processamentos computacionais do Cepagri, explica que cada pixel (que representa um ponto na imagem), antes abarcava quatro quilômetros. Agora representa de mil a 500m.
A nova antena foi necessária porque a quantidade de informações passou a ser muito maior. É possível até captar, por exemplo, a quantidade de particulados na atmosfera, corresponde à poeira disseminada na época das secas ou pela erupção de um vulcão.