Drones desenvolvidos na USP monitoram incêndios e rastreiam emissão de gases com alta precisão
Pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (EESC-USP), estão desenvolvendo drones equipados com sensores de gases e inteligência artificial capazes de identificar focos de incêndios florestais e monitorar a emissão de gases de efeito estufa (GEE). A nova tecnologia poderá reforçar, em breve, a atuação dos órgãos de defesa ambiental e da Defesa Civil no interior de São Paulo.
A proposta foi apresentada durante a FAPESP Week França, realizada na cidade de Toulouse, entre os dias 10 e 12 de junho. O evento reuniu cientistas e autoridades brasileiras e francesas para discutir projetos de pesquisa em parceria.
Os drones são equipados com sensores miniaturizados, desenvolvidos pelos próprios pesquisadores, que conseguem medir em tempo real as concentrações de gases como o dióxido de carbono e o metano, dois dos principais responsáveis pelo aquecimento global. Além disso, os equipamentos também monitoram parâmetros como temperatura e umidade do ar.
“Esses sensores funcionam como um nariz eletrônico, captando gases emitidos durante queimadas com alta precisão”, explica Glauco Augusto de Paula Caurin, professor da EESC-USP e coordenador do projeto. Os dados coletados são processados por sistemas de inteligência artificial, que identificam a origem das emissões e facilitam a resposta rápida das autoridades.
Segundo os pesquisadores, os drones têm uma vantagem crucial sobre os satélites: a agilidade. Enquanto os satélites podem levar dias para passar sobre uma determinada área novamente, os drones são capazes de detectar focos de incêndio em tempo real, permitindo uma atuação imediata das equipes de combate.
“Isso pode representar a diferença entre um incêndio controlado e uma grande destruição ambiental”, ressalta Caurin. A integração com a Defesa Civil e a Secretaria de Meio Ambiente de São Carlos já está em andamento para testes operacionais.
O uso de drones também vem se mostrando uma alternativa promissora e de menor custo para o monitoramento de gases de efeito estufa, de acordo com testes realizados no âmbito do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI).
A grande vantagem está na possibilidade de coletar dados volumétricos dos gases, algo que nem mesmo os satélites mais modernos conseguem fornecer. “Com os drones, conseguimos mapear a distribuição tridimensional dos gases, não apenas uma média na superfície”, destaca o pesquisador.
Apesar do desempenho promissor, os drones comerciais ainda enfrentam limitações de autonomia, com tempo de voo restrito entre 15 e 30 minutos. Para superar esse desafio, os pesquisadores estão investindo em projetos de aerodinâmica que visam ampliar a autonomia dos equipamentos, possibilitando voos mais longos e a cobertura de áreas extensas, como a Floresta Amazônica.
Atualmente, os testes de campo estão sendo realizados nos arredores do campus da USP em São Carlos, uma região de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado. Os próximos passos envolvem aprimorar os equipamentos e expandir a atuação para regiões críticas de desmatamento e queimadas.
Autor: Redação Revista Amazônia
Fonte: Agência FAPESP