Este mês, a Cidade do Conhecimento - projeto idealizado pelo professor Gilson Schwartz que coloca as novas tecnologias a serviço da sociedade - completou dois anos. Para comemorar o aniversário e também o início da segunda etapa do projeto, foi realizada uma festa no dia 20, no auditório Elis Regina, no Anhembi. O evento "Geração digital 2003: acesso e inclusão" fez parte da programação da Condex 2003, principal evento na América Latina na área de tecnologia da informação e comunicação, e reuniu vários representantes dos infocentros do governo do Estado de São Paulo e telecentros da Prefeitura de São Paulo, da Rede Saci, IBM, Itaú Cultural, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Fundação Carlos Alberto Vanzolini, Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec) e do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP.
A proposta de Schwartz era discutir o problema da inclusão digital, mas não por meio dos moldes convencionais. Assim nasceu a idéia de realizar um show - o Show da Inclusão -, que fosse ao mesmo tempo uma espécie de programa de auditório e rave. "Foi um grande evento de sensibilização da comunidade em geral e das comunidades envolvidas na Cidade do Conhecimento", destaca Schwartz, professor do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. "É a primeira vez que a Condex se abre para a discussão de assuntos sobre a inclusão social, e em particular a inclusão social de pessoas portadoras de necessidades especiais, sobre a questão do emprego em meio ao uso dessas tecnologias e também sobre cultura digital", completa.
No evento houve o lançamento do Projeto Spin-off da Cidade do Conhecimento, uma rede digital interativa voltada para o desenvolvimento humano sustentável, cuja dinâmica resulta da incubação de projetos sociais, culturais e econômicos que respondam a demandas originadas prioritariamente em áreas de exclusão. Na realidade, o Spin é uma "rede de redes", um laboratório de pesquisa-ação que servirá para a pesquisa e a produção de indicadores sobre o desenvolvimento da sociedade da informação e a economia do conhecimento por meio de um Observatório de Redes Digitais e Midiáticas (Ordem). Ao mesmo tempo, esse laboratório também será um espaço efetivo de experimentação social na busca de modelos de ampliação das capacidades produtivas, colaborativas e gerenciais desenvolvidas por redes digitais interativas. O Projeto Spin foi encaminhado no dia 11 passado à Fapesp e a equipe da Cidade aguarda a sua avaliação.
Outra novidade anunciada no evento foi a expansão das linhas limítrofes da Cidade, que a partir desse mês irão abranger todo o território nacional. "É importante perceber que a primeira etapa teve um impacto muito grande e que o projeto está sendo reconhecido, tanto em âmbito nacional como internacional, como um projeto altamente inovador no desenho das novas tecnologias da informação e comunicações", afirma o professor. Para ele, o primeiro diferencial da segunda etapa do projeto serão as parcerias estabelecidas com outras universidades do Estado de São Paulo, como a PUC de São Paulo, a Unisantos, a Unicamp e o Mackenzie, e de outros Estados. Além disso, por meio das universidades federais, pretende-se estabelecer uma organização em uma rede de projetos em todo o País. "Estaremos ampliando as ações tanto do ponto de vista das comunidades como das universidades com as quais estamos trabalhando."
Equipes em rede - A primeira etapa do projeto começou em 2001 e, de acordo com Schwartz, foi uma "etapa piloto", cuja principal característica era "fazer conexões entre a universidade, os estudantes do ensino médio, professores e trabalhadores em geral". Num curto período de tempo, a Cidade conseguiu reunir um número relativamente grande de pessoas. Em julho de 2002, a página eletrônica da Cidade do Conhecimento (www.cidade.usp.br) recebeu 20 mil visitas. Hoje esse número cresceu para 37,5 mil visitantes e um dos informativos da Cidade - o Redemoinho - tem 4,2 mil assinantes. Mas, para Schwartz, ainda que a mobilização da comunidade tenha sido grande, o desafio desta segunda etapa é se comunicar com maior êxito com a própria comunidade USP. "O maior desafio é este que está aqui perto: fazer com que a comunidade USP reconheça e participe ativamente do projeto. Temos que estabelecer um diálogo maior com as unidades de ensino, os laboratórios e os movimentos sindicais", diz. "O maior sucesso do projeto é por ele ter sido feito na USP e pela USP."
Da primeira etapa fizeram parte quatro projetos principais: Educar na Sociedade da Informação, Dicionário do Trabalho Vivo, Gestão de Mídias Digitais e SebraeCidade. O primeiro envolve professores e profissionais do ensino médio. Segundo Schwartz, foram renovados os convênios com a Prefeitura Municipal e com a Secretaria do Estado da Educação e firmado novo convênio com o governo federal. Esse programa inclui ciclo de palestras, visitas, trabalhos de campo e atividades ligadas a comunidades virtuais.
O segundo projeto, Dicionário do Trabalho Vivo, é um sistema de comunicação sobre trabalho, emprego e gestão na carreira profissional e foi criado em agosto de 2002, mesmo mês em que foi posto em prática o programa Gestão de Mídias Digitais, que tem o objetivo de capacitar membros de comunidades da periferia para utilizar essas novas tecnologias. Já o SebraeCidade surgiu como uma nova forma de mobilização de empreendedores locais e foi realizado em parceria com o Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae). "As maiores conquistas desses dois primeiros anos foi o aprendizado de metodologias de desenvolvimento de projetos em rede em diferentes lugares, como escolas, telecentros e infocentros", conclui Schwartz.
Notícia
Jornal da USP