A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de São Carlos prevê finalizar no próximo ano o desenvolvimento de dois equipamentos inéditos no mundo, que irão contribuir para a melhoria da qualidade do café no País. O objetivo é estimular o consumo da bebida. A previsão é que haja um crescimento de 20% na produção nacional.
O pesquisador Washington Melo, da Embrapa de São Carlos, está finalizando um protótipo que detecta em segundos a pureza do café, o ponto ideal de torrefação, e outras aplicações. Atualmente, a análise é feita em laboratórios de forma quase manual, e demora horas para ser realizada. Os clientes em potencial são as indústrias de torrefação, órgãos de certificação e até mesmo os supermercados, que poderão fazer a análise in loco do produto.
Outra invenção é a Língua Eletrônica, que segundo Herszkowicz, tem uma sensibilidade mil vezes maior que a humana. "Ela consegue identificar uma colher de sal numa piscina de 15 mil litros. E detectar a intensidade do salgado, doce, amargo e adstringente", diz Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Café (ABIC).
MERCADO
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Café (ABIC), só no Estado de São Paulo existem cerca de 240 indústrias, que produzem cerca de 4,5 milhões de sacas por ano. Isso equivale a R$ 1 bilhão anual e corresponde a 34% da produção nacional. No País, são produzidos aproximadamente 13, 5 milhões de sacas de café, que geram R$ 3,8 bilhões anuais. "Hoje, 4% da produção nacional têm elevado grau de impureza. Não é muito, mas prejudica o setor. Atualmente, a indústria cafeeira está estagnada. Com a melhoria da qualidade, esperamos expandir para 16 milhões de sacas por ano, o que irá representar uma receita de R$ 4,6 bilhões", diz Herszkowicz.
Para que as metas sejam alcançadas, será lançado em janeiro do ano que vem o Programa de Qualidade do Café, que irá avaliar o produto de acordo com o sabor sentido pelo consumidor. Ele será complementar ao atual Programa de Pureza, que verifica apenas se o café é puro ou não.
TECNOLOGIAS
De acordo com Melo, o protótipo para identificar as impurezas do café está "praticamente pronto". "Só preciso aperfeiçoar a parte eletrônica a fim de reduzir os custos do equipamento. Se for industrializado do jeito que está, deverá custar cerca de US$ 3 mil, mas o meu objetivo é chegar a R$ 1,5 mil, paraque até o consumidor final possa adquiri-lo", diz o pesquisador da Embrapa.
A pesquisa tem apoio da Embrapa e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que investiu cerca de R$ 60 mil para a inauguração do Laboratório de Foto térmica e no equipamento.
Recentemente, a ABIC assinou um convênio de cooperação com a Embrapa, para o fornecimento de quatro bolsas de graduação durante seis meses para acelerar o desenvolvimento.
Para verificar a pureza, é colocada a amostra de um grama num suporte metálico. Por meio da luz, o produto é aquecido, e um sensor inserido no suporte emite uma tensão, que identifica o grau de impureza.
"Já fomos procurados por uma empresa italiana multinacional com filial no Brasil. Estamos enfocando primeiro o desenvolvimento do equipamento, mas acredito que no ano que vem ele estará pronto para ser comercializado", diz Melo.
Em relação à Língua Eletrônica, o invento deverá custar de R$ 5 mil a R$ 10 mil.
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DCI