Prever o comportamento do oceano é fundamental para otimizar a operação dos portos. Saber quais navios poderão entrar ou sair do cais conforme as condições de maré, neblina e vento para as manobras é imprescindível para o bom funcionamento dos trabalhos portuários.
Diante desse contexto, pesquisadores do Centro de Inteligência Artificial ( C4AI ) desenvolveram novos algoritmos capazes de prever condições meteorológicas e oceânicas com uma precisão 20% maior que a dos métodos convencionais.
O C4AI é um Centro de Pesquisa em Engenharia ( CPE ) constituído por FAPESP e IBM no Centro de Inovação da Universidade de São Paulo (Inova-USP).
“A previsão é feita da seguinte forma: nós ensinamos para a inteligência artificial o que aconteceu em séries históricas de fenômenos climáticos. A máquina, então, aprende as consequências de determinadas ocorrências – chuvas intensas, temperaturas mais altas etc. – e passa a prever os desdobramentos de cada condição, auxiliando a tomada de decisão, que fica mais rápida e precisa”, explica Marlon Sproesser Mathias, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP e membro do C4AI.
Os dados usados para as estimativas são obtidos por meio de informações meteorológicas e de sensores instalados em várias partes do oceano, tanto em canais de navegação como em alto-mar.
“Nos dias atuais, as previsões oceânicas e meteorológicas de ventos, correntes, ondas, neblinas e das marés estão cada vez melhores, mas há ainda espaço para o aumento dos níveis de agilidade e confiabilidade. Uma melhor previsibilidade permite que o porto tenha mais segurança, tarifas menores, menos tempo de espera e uma logística mais eficiente”, afirma o professor da Escola Politécnica (Poli) da USP Eduardo Aoun Tannuri, que também é membro do C4AI.
Com um sistema de previsão confiável também é possível promover ações portuárias mais sustentáveis, pois medidas como a dragagem (remoção de partes do fundo do mar a fim de torná-lo mais fundo para receber navios de grande porte) podem ser otimizadas e ter seus impactos ambientais reduzidos. Aproveitando a abundância de informações e ampliando o conhecimento a respeito do que deve ser feito a partir das análises do sistema, a capacidade de atendimento de um porto pode ser estendida com menor dano ao ambiente.
“Assim é possível receber navios com calados maiores [parte submersa do navio] com menor dragagem e impacto ambiental, aumentando a capacidade de operação do porto”, completa o docente.