Uma técnica descoberta por um grupo de pesquisadores da Unicamp poderá determinar um novo método para se indicar a pré-disposição de mulheres grávidas a terem partos prematuros, desde a primeira gestação. Até então, a única forma que médicos possuem de avaliar o risco à prematuridade era a partir da segunda gravidez, quando a anterior não havia chegado ao tempo esperado para o nascimento, o que normalmente ocorre a partir das 38 semanas de gestação.
De acordo o obstetra José Guilherme Cecatti, responsável pelo estudo, estima- se que, a cada dez nascimentos no Brasil, um seja prematuro. “Os índices brasileiros são altíssimos, o que traz muitos riscos para os bebês e sobrecarga para o sistema de saúde”, explica.
O levantamento, realizado com 1.200 mulheres com baixo risco gestacional, está sendo realizado há dois anos e deve chegar à sua etapa final no mês que vem, quando devem ocorrer os últimos partos previstos. Amostras de sangue e cabelo dessas mulheres foram colhidas nesse período e os dados serão cruzados com os de gestantes da Inglaterra, país em que há um grupo parceiro do projeto. O resultado dessas amostras, de acordo com Cecatti, são os chamados biomarcadores, e é a partir deles que está sendo possível medir a tendência à prematuridade.
Metodologia
“Esse tipo de metodologia é única no mundo, e, embora os resultados ainda estejam em fase final, até agora nos parece que com esses dados será de fato possível prever o risco de nascimentos prematuros˜, afirmou. O estudo foi um dos vencedores dos Grandes Desafios Brasil (Grand Challenges Explorations), programa em parceria com as Universidades de Auckland- Nova Zelândia e de Leicester-Reino Unido.
Financiamento
Financiado pela Fundação Bill Melinda Gates e pela Fapesp, a pesquisa integra a Rede Brasileira de Estudos em Saúde Reprodutiva e Perinatal, iniciativa que busca formas de evitar o nascimento prematuro nacionalmente.