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Agência USP de Notícias

Técnica elimina bactéria causadora de infecção hospitalar

Publicado em 22 julho 2015

Por Júlio Bernardes

Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP criaram um processo e um dispositivo que utilizam a ação fotodinâmica para eliminar bactérias causadoras de infecções em pacientes intubados. Os tubos colocados nos pacientes são revestidos com um filme plástico fotossensível. Em contato com a luz, o filme transforma o oxigênio na superfície do tubo em um composto reativo que mata as bactérias. Patenteada por meio da Agência USP de Inovação, a técnica será submetida a testes clínicos para permitir o uso em materiais médicos e hospitalares.

 

“O paciente intubado sofre quase que inevitavelmente com infecções causadas pela presença de um corpo estranho em seu organismo”, conta o professor Vanderlei Salvador Bagnato, do IFSC, que coordenou o desenvolvimento do dispositivo. “A intubação leva a nucleação de colônias de bactérias, que provocam infecções como a pneumonia, na maioria dos pacientes”.

 

A pneumonia causada pelas bactérias do gênero Streptococcus é considerada a principal causa de infecção hospitalar em pacientes submetidos a internação. Cerca de 40% das mortes são causadas por infecções pulmonares. O combate aos processos infecciosos é feio por meio de antibióticos, porém o aumento da resistência das bactérias obriga ao desenvolvimento constante de novos medicamentos.

 

Guiamento de luz

O processo desenvolvido no IFSC propõe a utilização da ação fotodinâmica e o guiamento de luz para evitar a formação de colônias de bactérias. “Os tubos que serão colocados nos pacientes são revestidos com um filme plástico que possui uma substância sensível à luz”, explica Bagnato. “Esse material não é agressivo às mucosas do corpo humano. O filme utiliza diversas moléculas. Na pesquisa foram testadas clorinas, porfirinas e curcuminas, e todas funcionaram bem”.

 

O tubo funciona como um “guia” para a luz. “LEDs e Lasers injetam luz no material e as paredes ficam como que iluminadas , promovendo a fotorreação”, ressalta o professor do IFSC. “É o oxigênio reativo que elimina de bactérias que aderem à superfície, impedindo a formação de colônias e o desenvolvimento de quadros infecciosos”.

 

O protótipo do dispositivo que utiliza a ação fotodinâmica foi submetido a testes in vitro, em colônias de bactérias cultivadas em laboratório. “Os resultados foram positivos”, destaca Bagnato, “e até o final do ano devem ser realizados ensaios clínicos”. A pesquisa integra uma iniciativa nacional para o controle de infecções hospitalares, coordenada pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP. O projeto, em fase inicial, deverá avançar nos próximos meses.

 

O desenvolvimento do processo e do dispositivo teve o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O protótipo do equipamento foi patenteado por meio da Agência USP de Inovação. Após os testes clínicos, a intenção é que a tecnologia seja utilizada por fabricantes de materiais hospitalares.

 

Mais informações: email vanderlei@ifsc.usp.br, com o professor Vanderlei Salvador Bagnato