Estudo realizado com 273 mulheres que deram à luz em um hospital público de São Paulo revelou uma prevalência de depressão pós-parto cerca de duas vezes maior que a média mundial descrita na literatura científica. Os resultados mostram ainda que, no primeiro ano de vida, os filhos das mães deprimidas apresentavam prejuízos no desenvolvimento.
Na avaliação realizada no quarto mês após o parto, as 150 mulheres que ainda participavam do estudo preencheram um questionário de rastreamento para depressão pós-parto e 28% demonstraram sinais do transtorno. Segundo Emma Otta, do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), o índice médio mundial descrito na literatura científica varia entre 10% e 15%.
Foram recrutadas, inicialmente, cerca de 400 gestantes que realizaram consultas de pré-natal em Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Bairro do Butantã e cujo parto estava previsto para ocorrer no Hospital Universitário da USP entre setembro e dezembro de 2006. Destas, 273 deram à luz no HU e foram incluídas no estudo.
As mulheres e seus filhos foram acompanhados durante os três anos seguintes ao parto. Durante esse período, diversas entrevistas foram realizadas com o intuito de avaliar a interação entre mãe e bebê, a presença de sintomas depressivos nas mulheres, a percepção materna sobre o relacionamento com a criança e o desenvolvimento infantil.
Fatores que mostraram forte correlação com o risco de depressão pós-parto foram a frequência e a gravidade dos conflitos com o parceiro - maior na amostra do hospital público - e a ocorrência de episódios anteriores de depressão. Outros fatores de risco para depressão pós-parto identificados na pesquisa, porém com menor peso, foram um maior número de filhos, a existência de filhos de relacionamentos anteriores, maior número de crianças morando na mesma casa, gravidez não desejada, rejeição na infância, menarca precoce e menor idade materna. Os dados foram publicados no Boletim do Instituto de Saúde.
* Com informações da Agência Fapesp